William Shirer
trad. Alfredo C. Machado
1940
BERLIM, 4 de maio
Os ingleses acabam de efetuar uma retirada desordenada de Namsos, ao norte de Trondheim, completando assim o fracasso do auxílio aliado aos noruegueses, na parte central do país.
Onde estava a Home Fleet, que Churchill há quinze dias anunciou que varreria os alemães das águas norueguesas? Hoje assisti a um noticiário cinematográfico alemão. Mostrava as tropas nazistas efetuando o desembarque de tanques e artilharia pesada em Oslo. Com exceção do emprego de submarinos, aliás em pequeno número, parece que os Aliados não fizeram nenhum esforço realmente sério para impedir a chegada de suprimentos alemães à Noruega, via Oslo. Nem sequer chegaram a arriscar seus destroyers nas águas do Skagerrak e do Kattegat, para não falar nos cruzadores e couraçados.
Será que nesta curta campanha norueguesa o poder aéreo demonstrou a sua superioridade sobre o poder moral? Pelo menos nas batalhas desenroladas nas proximidades dos campos de pouso? Em 1914-1918, uma ofensiva alemã como a que acaba de acontecer estaria fora de cogitações. Mas, com a Luftwaffe controlando os campos de pouso da Dinamarca e da Noruega, a esquadra aliada não somente não se aventurou até as águas do Kattegat, a fim de sustar a remessa de tropas e suprimentos alemães para Oslo, como nem sequer tentou entrar em ação em Trondheim, Bergen ou Stavanger, com a única exceção do bombardeio do aéredromo deste último porto, que se prolongou por 80 minutos, logo no início da campanha. Os alemães agora já afirmam que a aviação demonstrou a sua superioridade sobre a marinha.
Façamos a resenha da situação: os aviões de Göring conseguiram realizar quatro façanhas de importância vital nessa campanha da Noruega:
(1)Mantiveram a rota marítima de Oslo, através das águas do Kattegat, completamente livre das unidades inglesas, permitindo que o grosso das tropas alemãs de terra fosse bem suprido de homens, artilharia e tanques.
(2)Impediram (ou conseguiram desencorajar) a Home Fleet de atacar os portos de Stavanger, Bergen e Trondheim, de importância vital para os nazistas.
(3)Com o bombardeio constante dos portos aliados de desembarque, tornaram quase impossível para os ingleses efetuar o desembarque de artilharia pesada e tanques, fato que, aliás, foi admitido pelo próprio Chamberlain.
(4)Com o bombardeio e o metralhamento das posições inimigas tornaram extremamente fácil às tropas alemãs o avanço através de um território cheio de dificuldades.
Noutras palavras, revolucionaram completamente a guerra, tanto no próprio Mar do Norte como nas suas vizinhanças.
(...)
W. Shirer
Comentário meu: Em outros trechos do Diário de Berlim, o jornalista norte-americano William Shirer demonstra o quanto a Aviação nazista – Luftwaffe – era eficiente em apoiar as forças terrestres do Exército alemão e ao mesmo tempo atacar as posições de resistência dos exércitos aliados (poloneses, ingleses, franceses, belgas, holandeses, principalmente). Durante a campanha na França, Shirer classifica de 'criminosa' a política dos Aliados de não investirem no desenvolvimento da aviação, “Que preço a Inglaterra e a França estão agora pagando pela criminosa negligência em que deixaram a sua aviação!” (AACHEN, 21 de maio [1940])
por Leonardo de Magalhaens
http://escritospoliticoslm.blogspot.com
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