quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

CHURCHILL na defesa do imperialismo britânico




Churchill na defesa do imperialismo britânico


Winston Churchill, o velho conservador, o ex-Lord do Mar na I Guerra Mundial, chegar
à público para falar em luta da Grã-Bretanha pela 'democracia' é pura demagogia, pois
a política do Império Britânico, o nome bem o diz, é imperialista. Assim com a Grande Guerra,
o conflito de 1940 é um choque de imperialismos. A política de Churchill era a de conservar
o Império e sem fazer concessões.

(A Grã-Bretanha, senhora dos mares, jamais permitiu uma potência na Europa
e no Oriente Médio, e, se pudesse, teria dividido a China em feudos.)

A favor de Churchill está claramente seus discursos alarmantes contra o rearmamento alemão, quando na Câmara dos Comuns, em 23 de novembro de 1932, desabafou,

Exige-se agora a autorização para a Alemanha se rearmar... Não deixem que o governo de Sua Majestade acredite que a Alemanha quer apenas um status igual aos dos outros países... todos esses grupos de jovens germânicos vigorosos, marchando pelas ruas e estradas da Alemanha, com o desejo de sofrer pela pátria brilhando em seus olhos, quando armados, acreditem-me, pedirão a devolução de colônias e territórios perdidos.

deixando claro sua preocupação 'imperialista', não com a democracia alemão (que os
britânicos e outros ocidentais pouco apoiaram), mas com a concorrência de uma nova
potência européia.

Com a explosão nacionalista e belicista da Alemanha, a partir de 1938, todos viram o
resultado. Principalmente quando a República Francesa foi rapidamente pisada, em 1940,
e os monarquistas britânicos se viram sozinhos. Para prosseguir a guerra 'sozinho' contra
o III Reich, o Sr. Churchill precisava da ajuda do “arsenal das democracias”, a antiga colônia britânica, agora potência em ascensão, os Estados Unidos da América, e não hesitou em arrastar os norte-americanos ao conflito, globalizando a guerra, mesmo contra a política de neutralidade.

A culpa dos britânicos não é a de resistir ao nazismo, mas a de ter compactuado com tal
poder fascista até que tal serpente se voltou contra os próprios conservadores. A política de 'apaziguamento' mostra uma Grâ-Bretanha conivente com a política repressora, perdendo
uma excelente oportunidade de vencer os alemães numa guerra rápida em 1938.

Se arrastou os EUA para a 'guerra total' foi por conveniência, e se auxiliou os russos, foi por perceber que os exércitos anglo-saxões seriam derrotados, se antes os exércitos germânicos
não fossem esmagados pela 'maré vermelha' dos exércitos soviéticos -como de fato aconteceu. (Há uma versão chocante de Churchill esperando que o Reich e a URSS se aniquilassem mutuamente, e assim se livrar de dois inconvenientes imperialismos - o germânico e o russo.)

Quem parou os alemães foram os russos, em fins de 1942 e meados de 1943, com alguma
ajuda de suprimentos e armamentos enviados pelos EUA (mais ajuda intensificada em 1943, assim a URSS deteve os alemães em 42/43 com os próprios recursos), a espera das
promessas anglo-americanas de 'abertura de uma segunda frente de batalha', o que somente aconteceu em 1943, na Sicília (Itália), e em 1944, na Normandia (França).

Hitler realmente sabia que as esperanças de Churchill estavam em atrair os EUA
e a URSS para o conflito, jogar todo contra os 'impérios centrais', numa política que o próprio Führer adotou de 'dividir para conquistar', jogando uns contra outros, como a 'pérfida Albion' sempre fizera, dividindo os escoceses, os franceses, os irlandeses, os indianos, os latino-americanos, os europeus em geral (ora aliada a Prússia contra a França, depois junto a França contra a Alemanha), e depois foi o velho Churchill semear a discórdia entre os EUA e URSS,
na inauguração da “Cold War”com sua imagem retórica da “Cortina de Ferro”.

Conhecedores do belicismo de Churchill, os trabalhistas, com os quais ele se aliara em 1940,
para chegar a posto de Primeiro-Ministro, no lugar de Chamberlain, e no páreo com Lord
Halifax, eles,os sindicalistas de gabinete, logo trataram de colocar o Sr. Attlee que na prática governava o país, enquanto Winston seguia pelas frentes de batalha e conferências com líderes mundiais.

Quem é Clement Attlee? Vejam em http://pt.wikipedia.org/wiki/Clement_Attlee

(Interessante: o romance A Guerra de Winston (2002), de Michael Dobbs (GBR, 1948-), retrata em ficção e contexto histórico a política britânica de 'apaziguamento' entre 1938 e 1939, até a ascensão de Winston Churchill em maio de 1940.mais sobre o romance em http://en.wikipedia.org/wiki/Winston%27s_War )


O mérito de Churchill? Obviamente, o de ter enfrentado Hitler. A desgraça de Churchill? Ter se deixado seduzir por táticas hitleristas. Quando permitiu o bombardeio de cidades sem qualquer interesse militar, por pura vingança, sendo notório a destruição medonha e gratuita de Dresden, quando a Alemanha era, em vasta proporção, uma montanha de ruínas em chamas. Disse Gandhi, arauto do pacifismo, “Em Dresden e Hiroxima, Hitler derrotou Hitler” O Bem não
venceu o Mal, mas tornou-se ainda mais diabólico para vencer numa guerra de extremos.


Por Leonardo de Magalhaens

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O apaziguamento e a vergonha de Munique




O apaziguamento e a vergonha de Munique

Enquanto a Alemanha nazista se apresentava como a defesa centro europeia contra a ameaça do ‘comunismo’, as potências ocidentais, Grã-Bretanha e França nada fizeram de efetivo contra o rearmamento alemão, intensificado após 1935, contrariando a Liga das Nações, apesar de todos os alertas de uma voz solitária, o conservador-mor, o ex-Lord da Marinha, o Sr. Winston Churchill.

A Liga (ou Sociedade) das Nações em detalhes em http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_das_Na%C3%A7%C3%B5es e http://www.diario-universal.com/2007/04/morreu/a-sociedade-das-nacoes/


Pode-se dizer que os triunfos políticos iniciais de Herr Adolf Hitler, com a recuperação econômica e intervencionismo estatal centralizado, tenham enfim conquistado a confiança do povo alemão, até dos opositores políticos (se é que sobrara algum!), numa espécie de ‘união nacional’ para reerguer a Alemanha. Realmente o maior erro dos vencedores, no fim da I Grande Guerra, foi o de humilhar a Alemanha com o Tratado de Versalhes, que de ‘tratado’ nada tinha, era um ‘ditado’, contra a dignidade alemã.

Aproveitando-se desse nacionalismo ferido, os nazistas capitaneados por Hitler, megalomaníaco e obcecado, resolveram levar adiante a unificação
de todos os povos alemães, a Grande Alemanha. Precisavam anexar a Áustria, absorver as populações nos Sudetos, e na Polônia (o ‘corredor polonês’) até recuperar o Império Alemão do Kaiser Wilhelm (Guilherme) II.

Mais sobre o Tratado de Versalhes em http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Versalhes e
http://www.brasilescola.com/historiag/tratado-versalhes.htm, além de
http://www.diario-universal.com/2007/01/aconteceu/o-tratado-de-versalhes/


O primeiro golpe chocante foi a anexação da Áustria, usando a grande
‘quinta coluna’ de nazistas e nacionalistas ali atuantes, desde a tentativa de 1935, e com a ‘neutralidade’ do ditador fascista italiano Benito Mussolini (e Hitler sempre se mostrava grato!). A chamada ‘Anschluss’ (Anexação) da Áustria marca o expansionismo alemão em sua primeira fase, aquela sem
uso das forças armadas. Uma ‘paz negociada’ que sempre convinha aos interesses da nova Alemanha, o III Reich.

O que foi o Anschluss em http://pt.wikipedia.org/wiki/Anschluss e também
http://www.diario-universal.com/2007/02/aconteceu/a-anschluss/


As potências européias tremeram, mas pouco fizeram. A França cheia de problemas internos, e a Grã-bretanha ainda insistindo em ver em Herr Hitler
um conservador, um baluarte contra o ‘comunismo’ exportado pela ameaçadora União Soviética.

Enquanto Chamberlain [primeiro ministro britânico] e os conservadores europeus consideravam Hitler como a peça principal do bastião anti-
comunista e como alguém que se pudesse ao mesmo tempo conquistar
e dominar com boas palavras e conciliação a esquerda se embalava na
ilusão de que Schuschingg
[o chanceler austríaco] afinal não era mais
que o representante de um regime clerical fascista, que outrora mandou
atirar em proletários e estava maduro para a queda final
.” (J. Fest, in “Hitler”, 1976)

A Áustria anexada ao III Reich foi um triunfo que incentivou Hitler a avançar suas conquistas. Voltou-se para os alemães que viviam nos montes Sudetos nas bordas da Tchecoslováquia, país que existia desde o fim da Grande Guerra, com a união de Boêmia, Moravia, Eslováquia e Rutênia, e que logo seria destroçada pela intervenção nazista.

Mais sobre a Tchecoslováquia e dados nacionais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Checoslov%C3%A1quia e
http://bloguecentelha.blogspot.com/2008/02/os-sudetas-e-invaso-da-checoslovquia.html


Ao redor da Boêmia se ajuntavam tropas alemãs para pressionarem o governo parlamentarista do Sr. Benes, já em dificuldades com os autonomistas eslovacos em protesto contra o centralismo tcheco. E pior: os franceses e os britânicos estavam mais inclinados a apoiarem os nazistas, que ainda contavam com a ‘mediação’ italiana. Em setembro de 1938, entre os dias 25 e 30, na capital bávara, Munique (München), os poderosos se reuniram para decidir o destino da cercada Techecoslováquia, que recebeu em Praga um comunicado ‘democrata’ de que mostrasse ‘boa vontade’ para com a ‘colônia alemã dos Sudetos’!

Na Conferência de Munique, por iniciativa de Chamberlain, a política do ‘apaziguamento’ alcançou seu ápice, o desmascaramento total dos conluios imperialistas, com a desculpa de atender as ‘últimas exigências’ do ditador nazista, que dizia “É a última exigência territorial que devo impor a Europa”. Pois as defesas tchecas foram entregues a partir de 1º outubro de 1938, e logo as exigências aumentaram.

A república parlamentar tchecoslovaca foi varrida do mapa, desmembrada, e finalmente ocupada por tropas alemãs em março de 1939. Hitler, finalmente, jogava o seu jogo de guerra. Onde a tão proclamada ‘peace for our time’ (Paz para o nosso tempo) prometida por um extasiante Chamberlain? Paz virou a guerra mais sangrenta!

Sobre o vergonhoso episódio da Conferência de Munique há o interessante livro do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre, “Sursis” (em suspenso), parte da trilogia “Caminhos da Liberdade”. Vejam mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Caminhos_da_Liberdade e também
http://fr.wikipedia.org/wiki/Les_chemins_de_la_libert%C3%A9



Mais sobre os apaziguadores e a vergonha do Pacto de Munique em http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_de_Munique e http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=152&Itemid=29

por Leonardo de Magalhaens

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Estatismo Estalinista sufoca Socialismo Soviético




ESTATISMOS DE ESQUERDA

As contradições da URSS

Estado proletário e industrialização dinâmica: eis o que a Esquerda admite ser a URSS. Ou ter sido. Uma transição do capitalismo para o socialismo, e daí para o comunismo. Um Estado onde não há classes, onde todos trabalham para o coletivo.

É inegavel que o capítalismo sofreu um duro golpe na Rússia (e outras nações caucasianas), mas aquela sociedade não chegou ao Socialismo, assim não poderia chegar ao Comunismo (o sistema social e política idealizado por Karl Marx). Ficou presa numa transição entre 1918 a 1929, oscilando entre um estatismo, uma 'economia de guerra', um afrouxamento mais liberal (a NEP), até a implantação dos Planos Quinquenais (a planificação econômica) e a coletivização. De forma centralizada e autoritária, o Coletivismo (dito) Soviético reprimiu quem não concordava (eram rotulados de sabotadores) e enviava levas de prisioneiros para os campos de trabalhos forçados (os Gulags). Certamente nada havia do ideal libertário proclamado por Marx (e outros antes dele).

Mais detalhes vejam http://pt.wikipedia.org/wiki/NEP e http://pt.wikipedia.org/wiki/Gulag
E também http://en.wikipedia.org/wiki/Five_Year_Plan_(USSR) (em english)


O historiador inglês Eric Hobsbawm tece uma análise profunda do que seria a URSS em seu clássico "Era dos Extremos", no cap. 13 da Parte 2, onde destacamos, "Na verdade, para um país atrasado e primitivo, isolado de ajuda estrangeira, a industrialização sob ordem, com todos os seus desperdícios e ineficiências, funcionou de modo impressionante. Transformou a URSS numa grande economia industrial em poucos anos, e capaz, como não fora a Rússia czarista, de sobreviver e ganhar a guerra contra a Alemanha apesar da temporária perda de áreas contendo um terço da população e, em muitas indústrias, metade do parque industrial. Deve-se acrescentar que em poucos outros regimes poderia ou quereria o povo suportar os sacrifícios sem paralelos desse esforço de guerra (ver Milward, 1979, pp. 92-97), nem, na verdade, os da década de 1930. (...)"

Recomendável também a leitura de "War, economy and society, 1939-45", Alan Milward, London, 1979, e "The reconstruction of Western Europe, 1945-51", London, 1984, do mesmo autor. Além de "An Economic History of the USSR", Alex Nove, London, 1969.

Amostras na net :: http://www.jstor.org/pss/3115375, além de
http://www.jstor.org/pss/153639 e http://en.wikipedia.org/wiki/Alec_Nove


Interessante artigo disponível na net ::: http://www.cenariointernacional.com.br/default3.asp?s=artigos2.asp&id=42


Ernest Mandel não considera a URSS como "Capitalismo de Estado" nem "Socialismo Burocrático", mas "Regime em transição" e "Estado proletário burocraticamente deformado", em concordancia com a visão de Trotsky, que defendia uma revolução permanente das massas populares contra a burocracia que se apossou da revolução de 1917.

"Ninguém, e não faço exceção de Hitler, aplicou ao socialismo um golpe tão mortal. Hitler ataca as organizações operárias no exterior. Stalin as ataca no interior. Hitler destrói o marxismo; Stalin o prostitui. Não há principio que permaneça intacto; não há uma ideia que não tenha sido enlameada. Até mesmo os termos socialismo e comunismo foram gravemente comprometidos, agora que a gendarmaria incontrolável, com diplomas de 'comunista', chama de socialismo ao regime que impõe. Repugnante profanação!" (TROTSKY, Leon. Stalin e a burocracia. Trotski: politica. SP: Ática, 1981)

Assim semelhante ao taylorismo e ao fordismo no Ocidente e a "Beleza do Trabalho" nazista e ao "Dopolavoro" fascista, havia um particularismo na exploração do trabalho na URSS, o 'culto è produtividade', o chamado 'stakhanovismo', em 'homenagem' ao mineiro Alexei Stakhanov, um 'herói' da extração de carvão, durante do 2o Plano Quinquenal Estalinista. De forma que o burocratismo (dito 'soviético') sufocou a espontaneidade do proletariado na mesma proporção que o fascismo. Desde Lênin, os comitês ('sovietes') de operários e camponeses foram perdendo a autonomia enquanto crescia o poder Estatal, centralizado e burocrático, com o poder do Partido único, o (dito) Comunista.

Mais sobre o Stakhanovismo em http://pt.wikipedia.org/wiki/Stakhanovismo e
http://www.dieese.org.br/bol/int/intago97.xml#




Estalinismo: golpe dentro da Revolução

Ao estabilizar seu poder, desde a morte de Lênin, em 1924, o secretário-geral do Partido Comunista Joseph Stálin não hesitou em eliminar a velha guarda bolchevique, durante os expurgos de 1934 a 38, incluindo os oficiais do Exército Vermelho (muitos antigos czaristas), de forma a conservar os postos-chave do burocratismo para os seus fiéis, fanáticos do 'centralismo', defendores do 'socialismo em um só país'.
Isaac Deutscher se esforça para diferenciar os 'totalitarismos', a questão do "Capitalismo de Estado" (termo que Trotsky desprezava, pois argumentava que a URSS era um "Regime em Transição de Capitalismo para Socialismo"), ressaltando o fato da burocracia não ser a 'proprietária dos bens de produção', além das maquinações imperialistas, presentes nos regimes fascistas.

"Pode-se demonstrar que há analogias muito importantes entre os dois regimes, mas elas não permanecem decisivas. Podemos resumir as diferenças da seguinte maneira: o totalitarismo do Terceiro Reich se propõe a impor a discipina mais draconiana sobree as massas trabalhadoras e sobre a própria burguesia alemã, em vista da preparação da luta final do imperialismo alemão pelo domínio do mundo; em contraste, o totalitarismo soviético é produto da combinação das dificuldade advindas com a construção do socialismo num país agrícola atrasado e a luta da nova camada burocrática pelas posições privilegiadas na sociedade pós-revolucionária. O fato de a 'solidariedade entre os dois totalitarismos' ter se deformado apenas numa trégua de vida curta, num prólogo de conflito armado, não é certamente um acidente nem um capricho da História..."

Antes, porém, I Deutscher tenta justificar o pacto germânico-soviético: "não há um período de 'solidariedade' entre os 'dois totalitarismos', mas uma preparação para a luta de morte que se travará entre eles."

Sobre o Pacto Germânico-Soviético, e o prólogo da Segunda Guerra Mundial , vejam http://pt.wikipedia.org/wiki/Pacto_Molotov-Ribbentrop e também http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=530&Itemid=35