sábado, 24 de outubro de 2009

outubro 1939 - Drôle de Guerre





Outubro 1939

Drôle de Guerre


Depois da invasão da Polônia, a rendição das forças
armadas polonesas, em Varsóvia (Warsaw)(28/09), a
retirada das forças francesas do rio Mosela (17/10), o
ditador germânico Adolf Hitler, julgando-se invencível,
iniciou a segunda etapa das 'ofertas de paz' com as
potências ocidentais.

Enquanto partes da Polônia (principalmente Pomerânia
e Silésia) eram absorvidas no Grande Reich, e os guettos
estavam 'na ordem do dia', nos preâmbulos das campanhas
de colonização e aniquilamento, que ainda deixariam
horrorizado o mundo civilizado, o ditador queria 'carta
branca' dos anglos e francos – para manter a conquista
do “Lebensraum” (espaço vital) para os germânicos.

No discurso diante do Reichstag, em 6 de outubro de 1939,
o Fuhrer alegou a irracionalidade de um "dito" Estado polonês,
mera criação do Ditado de Versailles, imposto pelas duas
potências vencedoras - Grã-Bretanha e França - , que
apenas incentivaram as 'ambições' polonesas de agredir os
alemães (que tiveram - segundo ele - muita paciência em
tolerar os 'insultos' do tal Estado, que agora as Forças Armadas
alemãs tinham domesticado).

Uma guerra com os ocidentais não era exatamente o que o
Führer desejava. Queria era invadir e colonizar as estepes
ucranianas. Havia um risco total na 'jogada', ao invadir a
Polônia (mesmo com o 'aval' da URSS), e iniciar outra guerra
mundial (a Alemanha já não havia perdido a anterior?) A
Alemanha teria tudo a perder. E o ditador sabia disso: “A
Alemanha se defenderá até o limite extremo, na pior das
hipóteses, todos os combatentes serão aniquilados
.” (Fest,
J. Hitler. p. 737) Aqui, já é possível notar o tom mórbido e
catastrófico de um Götterdämmerung (crepúsculo dos
deuses). A queda (Untergang) arrastando meio mundo.

Mas em outubro de 1939, Hitler preferia atacar antes de ser
atacado. Os generais viviam na defensiva, mas o Führer
queria um ataque – em pleno inverno! Surgiu então um impasse:
de ambos os lados. Seria a “Drôle de guerre” (guerra ridícula),
Phoney War” (a guerra falsa), ou “Sitzkrieg” (guerra sentada),
quando as hostilidades foram minimizadas, ou mesmo evitadas.
(Enquanto as relações entre a URSS e a Finlândia esfriavam a
cada dia. Assim, na guerra entre a Alemanha e o Ocidente, o
conflito mais importante daquele inverno, estranhamente, foi o
ocorrido entre os russos e os finlandeses!)

Os generais (principalmente a 'velha guarda', Beck, Brauchitsch,
Rundstedt, Halder) sabiam que a Alemanha não suportaria uma
guerra prolongada, 'de atrito', nos padrões da Primeira Guerra
Mundial.
Um conflito que o ditador desejava abreviar, poderia,
ao contrário, ser mais extenso. Envolver outros países, rivais
em potencial. (Principalmente, a URSS). Enquanto Hitler queria
a ofensiva para uma data entre 15 e 20 de novembro, em pleno
inverno!, os generais resistiam, do mesmo modo como agiram
em setembro de 1938, na possibilidade de um conflito com os
tchecos.

O impasse entre os nazistas e os generais reacionários, sobre
a ofensiva nos Países Baixos e na França é hoje cuidadosa e
exaustivamente estudado, para aliviar um pouco da imensa culpa
das Forças Armadas alemãs, em acompanharem a 'aventura' dos
fascistas. Não por 'razões humanitárias', mas por puro pragmatismo,
o expansionismo alemão estava condenado ao fracasso. E trata-se
de um profundo impasse, logístico e ideológico, pois segundo
o historiador J. Fest, o ataque ao Ocidente foi adiado 29 vezes!
(Hitler, p. 743)


Leonardo de Magalhaens

http://leonardomagalhaens.zip.net/

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Scapa Flow - Episódio 2 - 14 outubro 1939






Scapa Flow : 14 outubro 1939



Vinte anos depois do auto-afundamento da frota, em
21 de junho de 1919, por ordem do Almirante Ludwig
von Reuter, na base britânica em Scapa Flow, nas
Ilhas Orkney, novamente os germânicos voltaram a
base naval para consumar uma vingança.

Para a missão foi indicado o comandante de U-boot
Günther Prien, a bordo do U-47, concentrado em
contornar as defesas da base, e atacar dentro do périplo
interno, antes das defesas britânicas atuarem. Uma
proesa e tanto, se realizada.

Em 14 de outubro, o comandante Prien conseguiu
realizar a façanha. Adentrou as defesas britânicas e
torpedeou o HMS Royal Oak, ancorado na base de
Scapa Flow. Um dos navios mais adorados pela Marinha
Real britânica, tendo atuado na Batalha da Jutlândia
(31 maio – 1o junho 1916) onde a Grand Fleet (GBR)
enfrentou a Hochseeflotte (GER), , e manteve o domínio
britânico no Mar do Norte.

Este símbolo da vitória naval britânica foi afundado
pelos torpedos do U-47, que rapidamente fugiu,
evitando as defesas da base. O resultado foi a morte
de 830 tripulantes do HMS Royal Oak, e o assombro
britânico – arranhando sua imagem e moral. Tudo o que
os germânicos queriam. Tanto que o comandante
Günther Prien foi condecorado pelo ditador Adolf Hitler
em pessoa.

Neste momento – ou seja, desde a declaração de guerra
em 3 de setembro – o Almirantado encontrava-se sob a
liderança de Winston Churchill (que ali atuara na
Primeira Guerra Mundial, na mesma sala, no mesmo
posto), quando a frota saudou a indicação do velho
guerreiro para Primeiro-Lord do Almirantado, “Winston is
back
” (Winston está de volta). Churchill, assombrado, mas
atuante, decidiu aumentar as defesas e barreiras na base
em Scapa Flow.

As chamadas “Churchill Barriers” foram construídas pelos
prisioneiros italianos, empregados como mão-de-obra,
utilização esta que ficaria comum na ‘guerra total’, com
os prisioneiros realizando trabalhos forçados, muitas vezes
até a morte por fadiga (que assim relatam os ingleses
prisioneiros dos japoneses, e os russos capturados
pelos alemães...)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Scapa Flow - Episódio 1 - 1919






Scapa Flow - episódio 1 (1919)

Alemanha versus Grã-Bretanha

A rivalidade germano-britânica cresceu ao longo da segunda
metade do século 19, após os ingleses ‘domesticarem’ os franceses
(exaltados desde a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas),
justamente com a ajuda dos prussianos.

Os prussianos que passariam a agir no sentido de unificar os vários
reinos germânicos em um grande império continental, a se estender
da França até a Rússia, dos Alpes até o Mar Báltico. E a esta hegemonia
prussiana (principalmente na força militar) se aliou uma burguesia
incapaz de derrubar a nobreza (pois para tal tarefa precisaria do apoio
do proletariado, aos moldes franceses, que os germânicos da elite
desprezavam), unindo assim força e economia, numa revolução
industrial tardia, que veio a incomodar o poderio imperialista britânico.

E os interesses coloniais da França e da Itália, que sabiam das
consequências de um império continental aos moldes germânicos –
ao estilo de um Sacro-Império Romano Germânico – mas fora de
época. Não para a visão imperialista do Kaiser Wilhelm (Guilherme)
que pretendia um Império além mar, semelhante aquele de sua rival,
a Grã-Bretanha.

Assim, se explica os investimentos em indústrias de base, siderúrgicas,
e de armamento pesado (canhões, principalmente), para impulsionar
a modernização alemã, substituir as importações (exceto as de
matérias-primas, das quais a Alemanha sempre foi necessitada), e
construir uma frota de alto-mar (Hochseeflotte).

Nada mais que uma potência terrestre (com um exército tão respeitado
quanto os exércitos russo e francês) desejando ser uma potência marítima
(semelhante a Grã-Bretanha dona da maior frota de navios mercantes
do mundo – até porque o Reino Unido não passa de uma ilha, e precisa
estender seu comércio mundo afora) quando fatalmente desafiaria
os rivais para um duelo.


A frota de alto-mar (Hochseeflotte) foi um sonho a tornar-se pesadelo
para os alemães – principalmente durante a Primeira Guerra Mundial
quando os navios de superfície sofreram perdas, e os submarinos passaram
a se destacar, sorrateiramente perseguindo, caçando e afundando os
navios mercantes britânicos, franceses, italianos e norte-americanos
(assim um dos motivos para os EUA entrarem no conflito mundial,
em 1917.)

A gloriosa (e custosa) Hochseeflotte sofreu uma derrota a se tornar
vergonha, diante das cláusulas do Tratado (ou Ditado) de Versalhes,
quando o Almirante Ludwig von Reuter decidiu o auto-afundamento dos
navios, quando estes foram confinados em Scapa Flow, base britânica, nas
Ilhas Orkney. Em 21 de junho de 1919, 52 dos 74 navios foram afundados
pela tripulação.

Catástrofe que a Marinha alemã jamais esqueceria.


Mais info
por Leonardo de Magalhaens





para )))) Scapa Flow - Episódio 2 (1939)