sábado, 8 de janeiro de 2011

NOVO BLOG Segunda Guerra Mundial SGM







SEGUNDA GUERRA MUNDIAL



as postagens sobre a guerra de 1939 a 1945




agora disponíveis em novo blog








acompanhem o teatro de guerra no


Mar Mediterrâneo no ano de 1941






Malta - Grécia - Afrika Korps - Tobruk




nas próximas postagens...




LdeM
.
.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

EUA 1940: entre a Neutralidade e a Guerra







EUA 1940 : entre a Neutralidade e Guerra

fonte: PERKINS, Dexter. A Época de Roosevelt. 1932 -1945. (The New Age od Franklin Roosevelt. 1932 -1945. University of Chicago, 1957) trad. Edilson Alkimim Cunha. Rio de Janeiro, O Cruzeiro, 1967.


Em 1940, os Estados Unidos estavam novamente em campanha eleitoral. E Roosevelt resolvera disputar um terceiro mandato – o quer seria uma novidade na democracia norte-americana. O candidato opositor era o republicano Wendell Willkie.

As plataformas eleitorais procuravam agregar as esperanças dos eleitores quando a recuperação econômica (enfrentada pelas medidas de controle instituídas pelo New Deal, em 1933, pelo próprio Roosevelt) e aos mesmo tempo assegurar que as forças armadas dos Estados Unidos não se envolveriam na guerra europeia entre Grã-Bretanha e França contra Alemanha e Itália, desde o fim de 1939.

Ainda não era uma 'guerra mundial' – seria a partir de 1941 com os avanços alemães no norte da África, nas estepes ucranianas e russas, e depois o avanço japonês na Indochina e Filipinas. Assim o governo norte-americano se mantinha na 'defensiva'. Aprovava venda de antigas belonaves aos ingleses, mas se negava a qualquer envolvimento direto que pudesse quebrar a neutralidade.

Assim cinquenta belonaves foram repassadas ao ingleses, em troca os EUA receberam bases militares navais ao longo do Atlântico – para assegurar a defesa das navegações (incluisve para garantir a entrega de produtos bélicos aos ingleses). Segundo o autor Dexter Perkins, “A negociação desse acordo de bases por destróieres foi um golpe magistral. Era aceitável para os isolacionistas porque as bases cedidas pela Grã-Bretanha reforçariam a defesa do hemisfério. Era igualmente aceitável para aqueles que queriam que os Estados Unidos interviessem mais ativamente ao lado das democracias.” (p. 115)

No mais, internamente, o presidente Roosevelt (em campanha para o terceiro mandato) precisava lidar com os pacificistas e os adeptos da neutralidade. Estes contrários a guerra se reuniam em vários grupos. Um destes grupos tinha como associado o famoso aviador Charles Lindebergh, talvez explique a fama do “América Primeiro” (America First). O que pensavam os partidários do “América Primeiro”. Segundo Perkins,

“Os partidários da “América Primeiro” raciocinavam da seguinte forma: o efeito da guerra iria minar o próprio processo democrático e a preservação das liberdades tradicionais seria ameaçada pelo envolvimento na luta. Falavam da possibilidade de uma paz negociada. Argumentavam que havia pouco perigo físico para os Estados Unidos decorrente das atividades de Hitler. Em dois desses três pontos estavam certamente enganados. O tempo demonstrou que o processo democrático nos Estados Unidos não foi de modo algum minado pela guerra. Uma apreciação mais demorada torna evidente que uma paz negociada era inteiramente impossível em 1940. sobre o terceiro ponto, tinham razão perspectiva de curto, mas não de longo alcance. Sabemos hoje que Hitler não tinha o menor desejo de entrar em guerra com os Estados Unidos e que fez, segundo ele, o que estava em seu alcance para evitar a beligerância. Mas a coisa seria inteiramente diferente se o ditador alemão, uma vez estabelecido seu domínio em toda a Europa com as armas da guerra moderna em suas mãos, teria sido um vizinho cômodo – e mesmo possível para os Estados Unidos.” (pp. 115-16)
.
De todo modo, o movimento “América Primeiro” não conseguiu mobilizar a opinião pública que vivia um dilema de desejar uma vitória aliada, mas sem envolvimento norte-americano. A prioridade dos eleitores era garantir as reformas para manter o reaquecimento econômico – que, na verdade, sabemos depois, só foi pleno com a entrada dos EUA na guerra. A Segunda Guerra Mundial foi realmente o que 'reaqueceu' a economia dos EUA e possibilitou o soerguimento da grande potência (que teria como rival os estatistas da URSS, durante a 'guerra fria', cold war)

“Em parte, como consequência do movimento “América Primeiro”, a eleição de 1940 transcorreu numa atmosfera em que a apreensão de uma vitória alemã e de um envolvimento americano na crise estava curiosamente misturada. Embora tivesse se operado uma profunda mudança no ambiente desde o verão de 1939, havia ainda um forte desejo de alheamento à guerra. [...]

A eleição foi uma vitória para Roosevelt que se tornou assim o primeiro Presidente dos Estados Unidos a governar o país por três períodos seguidos. Diante de uma situação crítica, a maioria do povo americano evidentemente acreditou que uma continuidade de liderança era mais importante do que um apego doutrinário a um princípio tradicional. Embora a vitória de Roosevelt não tivesse constituído um triunfo tão colossal como em 1936, foi entretanto decisiva e estava entre os endossos mais enfáticos de candidatos presidenciais. E abriu o caminho para a ajuda às democracias, especificamente, para a aprovação do 'lend-lease' (nota) no inverno de 1941.

Durante a eleição presidencial era evidente que a Inglaterra estava passando por uma grande pressão e medidas drásticas se faziam necessárias a seu favor se a guerra devia ser ganha. A opinião pública estava rapidamente se cristalizando a favor de uma ação mais vigorosa. O Presidente, aliviado das pressões eleitorais, estava pronto para gerir os negócios de modo mais decisivo. Lá para o fim de dezembro pronunciou seu discurso “arsenal da democracia” que previa rápidas medidas de auxílio aos ingleses. Poucos dias depois, apresentou ao Congresso um projeto que mais tarde veio a ser conhecido como o 'lend-lease', um projeto que visava a fornecer à Inglaterra material bélico da ordem de 7 bilhões de dólares, e insinuava, mas quase não estabelecia, um pagamento no futuro. O Presidente apresentou seu projeto como algo que manteria a guerra longe de nossas costas e que promoveria a segurança dos Estados Unidos.” (pp. 117-18)

.
nota: Pela lei do 'lend-lease', o Congresso autorizava o governo americano a fornecer material e prestar serviços a seus aliados na II Guerra Mundial, sob a condição de ser esta ajuda retribuída em espécie depois da guerra.
.
Assim, o Presidente Roosevelt flexibilizava a neutralidade ao dar apoio aos ingleses – antes de em 1941 aprovar a lei lend-lease (empréstimo e arrendamento) e antes de se encontrar com o Primeiro-Ministro britânico Winston Churchill na costa da Terra Nova (em agosto), quando seria proclamada a “Carta do Atlântico”. Os navios norte-americanos passariam a se proteger – o que significa 'atirar primeiro' – quando ameaçados por submarinos alemães, durante as navegações até a Europa. Deste modo, já havia uma guerra não-declarada entre EUA e o III Reich antes de dezembro de 1941.


Depois veremos os eventos de 1941 em detalhes.


Fonte pesquisada: PERKINS, Dexter. A Época de Roosevelt. 1932 -1945. (The New Age od Franklin Roosevelt. 1932 -1945. University of Chicago, 1957) trad. Edilson Alkimim Cunha. Rio de Janeiro, O Cruzeiro, 1967.

.
Por Leonardo de Magalhaens
.
.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Estratégia Britânica no Mediterrâneo - 1940/41







Estratégia Britânica
no Mediterrâneo

1940/41





fonte: Churchill – O Lord da Guerra / 1979 – Ronald Lewin

trad. Cel Álvaro Galvão



cap. 3 – O Ano do Gafanhoto – 1941


“Com exceção da vitória final, o objetivo estratégico mais acalentado por Churchill durante a Segunda Guerra Mundial era transformar o Mediterrâneo em “Mare Nostrum”. Duas decisões, tomadas por ele sobre sua inteira responsabilidade e com enorme risco, lançaram as bases para a consecução do seu propósito, alcançado em 1943 e 1944; durante 1941, porém, o alicerce parecia estar se dissolvendo. Sua primeira iniciativa, e fundamental, seguiu-se à queda da França. Churchill recorda: “No fim de junho a situação parecia tão horrível que o Almirantado chegou a pensar no abandono do Mediterrâneo Oriental, para concentrar-se em Gibraltar.”

Era esta a ideia do Primeiro Lorde do Mar, Almirante Pound. Entretanto, fortalecido pela reação mais positiva do Almirante Cunningham, o comandante-chefe naquela região, Churchill vetou a proposta com firmeza e decisão e conseguiu o apoio dos Chefes de Estado-Maior; estes, em 3 de julho, informaram a todos os comandantes-chefes que a esquadra ia permanecer no Mediterrâneo Oriental. Daí em diante, apesar de inúmeros desastres, em sentido absoluto, os ingleses jamais foram expulsos das rotas marítimas vitais que passavam por aquela região. Mas quando Churchill tomou sua decisão, no verão de 1940, sem dúvida praticou um ato de fé impressionante, porque os italianos ainda não haviam demonstrado a forma inepta e covarde como iriam utilizar a sua superioridade aérea e naval.

Nas circunstâncias do momento, a sua segunda decisão foi mais corajosa ainda. Enquanto se achava em curso a Batalha da Inglaterra, Churchill concordou em enviar para o Oriente Médio praticamente a metade do efetivo dos melhores blindados existentes no país. “O que é estranho”, anotou ele, “é que na época as pessoas envolvidas no problema permaneceram bastante calmas e joviais, mas escrever sobre o assunto agora chega a provocar arrepios.”

Na realidade, a proposta partiu do Ministério da Guerra. No dia 10 de agosto o General Dill, o CIGS [Chief of the Imperial General Staff] , informou a Churchill que se pretendia enviar imediatamente para o Egito um batalhão de carros de combate Cruiser, um regimento de carros de combate leves e um batalhão de carros de combate de Infantaria – ao todo 154 carros, juntamente com uma quantidade valiosa de canhões anticarro e de Artilharia de Campanha. Todavia, era Churchill, o Primeiro-Ministro, e somente Churchill, quem poderia validar a proposta; a aprovação imediata constituiu um daqueles golpes, no campo da alta estratégia, que raramente estão ao alcance de um comandante, e que ainda mais raramente são tentados. Deve-lhe ser atribuído o mesmo valor da ordem de Churchill, no dia 24 de julho de 1914, para que a esquadra saísse de suas bases no canal da Mancha e, navegando durante a noite, com as luzes apagadas, atravessasse o estreito de dover, avançasse pela rota perigosa do Mar do Norte e se abrigasse na segurança proprocionada por Scapa Flow.

Além disso, foi Churchill quem exigiu que os carros de combate fossem enviados diretamente para o Egito, através do Mediterrâneo, e não pela rota do cabo da Boa Esperança como queria o Almirantado. Ele aceitava o conselho dos profissionais, embora à luz dos fatos pareça que a sua ousadia fosse mais justificada do que a cautela deles. Assim, o comboio chegou ao destino com tempo suficiente para tornar possível a destruição do exército italiano na África do Norte, onde os Matildas do batalhão de carros de Infantaria desempenharam um papel crucial.”

/p. 73
.
mais sobre o General John Dill (1881-1944)
http://en.wikipedia.org/wiki/John_Dill
.
.

A blitz de inverno

London Coventry

“Enquanto isso [durante as operações no Mediterrâneo e norte da África], a blitz de inverno varria as cidades da Inglaterra; primeiro Londres, depois Coventry e os grandes centros industriais; enfim, após uma trua relativa em janeiro e fevereiro, a Luftwaffe iniciou “uma visita aos portos”. A partir do início de março, Portsmouth, Merseyside e Clyde foram pesadamente atacados. Todavia, depois de uma das piores incursões contra Londres (no dia 10 de maio, quando a Câmara dos Comuns foi atingida), os ataques aéreos diminuíram e não foram ostensivamente renovados até 1944.”

O motivo da 'pausa' no bombardeio: início da Operação Barbarossa: nazistas atacam a URSS (junho 1941)

A pacata cidade de Coventry se tornou o símbolo do fracasso da ofensiva aérea alemã. Desperdício de recursos, alvos sem importância militar ou industrial. Apenas para assustar a população civil – perda de vidas e propriedades – e não uma estratégia de destruição dos portos, aeroportos, ou rede de radares.


Enquanto a avião alemã se dedicava a 'atirar pedras' sobre o telhado britânico, nem poderia a 'chuva de granizo' que destelharia a Alemanha em 1943-45! “Quem tem telhado de vidro, não deve atirar pedras no telhado do vizinho”, diz o sábio provérbio.


sobre o bombardeio de Coventry
.
Leonardo de Magalhaens
.
.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Molotov em Berlim 1940







O Representante russo Molotov em
conversações com os nazistas

em Berlim - Novembro de 1940

Diário de Berlim
W Shirer

BERLIM, 12 de novembro [1940]

Um dia escuro e chuvoso. Molotov chegou hoje. A recepção que lhe fizeram foi extremamente seca e protocolar. Subindo de automóvel a Unter den Linden, em direção à Embaixada Soviética, o Comissário do Exterior da URSS deu-me a impressão de um mestre-escola atarrancado e provinciano. No entanto, para sobreviver através de todas as rivalidades e intrigas do Kremlin, é indiscutível que deve ter algum valor. Os alemães referem-se abertamente ao fato de permitirem a Moscou a realização do velho sonho da Rússia, a conquista do Bósforo e dos Dardanelos, ao mesmo tempo que reservarão para si o resto dos Balcãs, a Romênia, a Iugoslávia e a Bulgária. E se os italianos conseguirem conquistar a Grécia, o que começa a parecer duvidoso, poderão guardá-la para si.

[...]

BERLIM, 14 de novembro

Julgávamos que os ingleses viessem ontem à noite, quando Ribbentrop e Göring festejavam Molotov com um banquete oficial. A Wilhemstrasse mostrava-se extremamente nervosa ante a perspectiva, uma vez que não lhe agrada a ideia de os figurões nazistas serem forçados a procurar o abrigo antiaéreo em companhia de seus ilustres hóspedes russos. Em vez disso, os ingleses surgiram esta noite pouco antes das 21 horas, mais cedo que nunca, quando Molotov recusou-se a ir para o abrigo, preferindo ficar assistindo ao bombardeio de uma das janelas da sala, cujas luzes estavam convenientemente apagadas. E os ingleses tiveram o cuidado suficiente de não atirar coisa alguma nas vizinhanças.

[...]

trad. Alfredo C Machado
RJ, Record

DIÁRIO DE BERLIM – W SHIRER
.
.
.
Qual a posição de Molotov no regime estatista russo? O quanto o ditador Stalin confiava no 'diplomata' que negociava com os alemães? Temos um trecho no “Os Homens do Cremlin” sobre isso.

“No cargo de presidente do Conselho dos Comissários do Povo, Molotov dirigiu a execução dos primeiros 'planos quinquenais', foi o principal responsável pelo fortalecimento em sentido absoluto das estruturas do Estado, dirigiu a 'construção socialista' na sua primeira fase atormentada. Em maio de 1939, Stalin confiou-lhe outro encargo pesado: a direção do Comissariado do Povo para os Negócios Externos (mantinha, ao mesmo tempo, a Presidência do Conselho), com a tarefa de 'virar ao avesso' as atitudes filo-ocidentais, antes próprias da diplomacia soviética, preparando uma aliança com a Alemanha.

Em virtude do pacto Molotov-Ribbentrop (agosto de 1939), a URSS estendeu consideravelmente seu próprio território: foi o primeiro, se bem que efêmero, sucesso do 'diplomata' Molotov: dois anos depois os nazistas agrediam os soviéticos [ em 22 de junho de 1941].”
.
fonte: Os Homens do Cremlin. SP: Ed. Três, 1974
.
.

sábado, 13 de novembro de 2010

Ataque britânico à base italiana de Taranto








Ataque britânico à base italiana de Taranto
11 / 12 novembro 1940

A Batalha de Taranto (ou Tarento), em 11 e 12 de novembro de 1940, foi a primeira a empregar forças navais e aéreas, no cenário europeu, em ataque conjugado a uma base terrestre (portuária)

A base marinha de Taranto situa-se na Apulia, sul da Itália, no fundo do Golfo de Taranto, limitado pela Apulia, Basilicata, Calabria e o Mar Jônico). O comando da frota italiana estava nas mãos do Almirante Angelo Iachino (1889-1976), responsável por 4 couraçados, 19 cruzadores, 50 contra-torpedeiros e 109 submarinos.

As forças britânicas (que contavam com apoio de belonaves australianas) eram comandadas pelo Almirante Andrew B. Cunningham (1883-1963), responsável pelas ações de 4 couraçados, 6 cruzadores, 20 contra-torpedeiros, 4 submarinos e 1 porta-aviões.
.

A linha de comando das forças aéreo-navais no Mediterrâneo

“O conflito encontrou Cunningham como comandante-chefe da base de Malta, um ponto nevrálgico, importantíssimo. Mas uma série de falecimentos inesperados, nas altas esferas do Almirantado, acaba por levá-lo ao comando supremo da frota do Mediterrâneo. Para o irlandês, que parecia destinado à carreira de agricultor ou de professor, produz-se o evento que o introduz na história da Marinha.

A situação é esta: com a derrota da França, tornou-se crítica a posição dos ingleses no Mediterrâneo. A frota francesa não pode mais conservar o setor ocidental e seus navios devem ser desmilitarizados. E quando, além disso, a Itália entra na guerra, Cunnigham fica seriamente preocupado. Em suas memórias, ele escreverá que, se a frota italiana tivesse agido com maior decisão nos primeiros meses da guera, e tivesse atacado as embarcações inglesas (menos numerosas e desprovidas de 'cobertura' aérea), certamnte a Itália teria assegurado para si o domínio do Mediterrâneo.

'Bastaria', escreveu o almirante, 'que se tivessem afundado no canal de Suez, ou diante do porto de Alexandria, alguns de seus navios mercantes, carregados de cimento ou de explosivos, para paralisarem, pelo menos por um mês, todas as operações naviais britânicas.' E ainda: 'Se, depois da derrota francesa, os italianos houvessem atacado com seus couraçados e cruzadores, os ingleses seriam obrigados a retirar-se.'
.
Nada disso ocorre. Ao contrário, Cunningham pode agir tranquilamente ou quase. Ataca Tobruk e, na batalha de Punta Stilo, força uma esquadra naval italiana a retirar-se para o porto. Depois há um combate, em que fica avariado o couraçado italiano 'Giulio Cesare', mas também a capitânea de Cunningham, o 'Warspite', sofre danos consideráveis. Gradualmente, a frota inglesa se fortalece, chegam os porta-aviões 'Illustrious' e 'Eagle', e entra em cena o radar, que os italianos não possuem, nem imaginam o revolucionário aparelho instalado nos navios adversários. Quando perceberem, será tarde demais.

Ciente se sua superioridade, Cunningham explora arriscadamente os recursos de sua frota, chega a empregá-la em até vinte operações simultâneas. Esse modo de agir, se lhe confere o respeito quase fanático de seus comandados, atrai para ele também ressentimento e antipatia, da parte dos colegas. Alguém o define mesmo como desumano, alguns falam de métodos inadmissíveis num almirante de Sua Majestade.

Cunningham responde com relatórios ao Almirantado, em que defende seus atos numa linguagem muito livre. Mas não tem muito trabalho em justificar-se. No plano tático e militar, são os fatos que lhe dão razão: os reabastecimentos no Oriente Médio são constantemente assegurados, Malta resiste, as forças terrestres são sempre apoiadas pela intervenção naval, o mar é mantido desembaraçado de minas. E mais: em 11 de novembro de 1940, 21 aviões-torpedeiros 'Swordfish' da Marinha britânica atacam a base de Taranto e danificam três couraçados italiano. Embora sendo homem do mar há quase meio século, Cunningham acredita na aviação. E também na aviação adversária. A respeito dos italianos, escreve em seu diário: 'Não é exagerado afirmar que, na primeira fase da guerra, os bombardeios a grande altura dos italianos foram os mais aprimorados que já observei; melhores que os dos alemães. Recordarei sempre com grande respeito esses homens, [...] ”
.

fonte: Os Generais Aliados. SP: Ed. Três, 1974.
.

[nota minha:]

sobre a batalha de Punta Stilo, um parágrafo,

A batalha de Punta Stilo ou da Calabria (em 9 de julho de 1940) foi travada entre as forças britânicas (Royal Navy) e as forças italianas (Regina Marina) nas águas do Mar Jônico, na região entre a península itálica e a península helênica (a Grécia), lugar onde se notava uma das maiores concentrações de belonaves, navios de guerra, em todo o Mar Mediterrâneo.
Operações Navais no Mediterrâneo
“De importância vital, a pequena ilha de Malta estava no meio das rotas de abastecimento do Eixo para o norte da África e representava a única base aérea inglesa no Mediterrâneo central. Com uma força naval e contigente aéreo reduzidos, a guarnição inglesa em Malta periodicamente atacava os navios de abastecimentos do Eixo, mas estava em constante ameaça de bombardeios e invasões. Na verdade, a pequena Malta se tornou um dos pontos principais do conflito no norte da África.

[...]

Temeroso que os remanescentes da esquadra francesa caísssem em mãos alemães, em julho de 1940, [o almirante] Cunningham destruiu as forças francesas que restavam em Mers el Kebir e Oran. Em seguida, em novembro de 1940, a Esquadra do Mediterrâneo lançou um ataque ousado e preventivo na principal base da esquadra italiana em Taranto. O porta-aviões inglês Illustrious navegou até uma distância que deixasse a supostamente segura base dentro de seu alcance e orquestrou um ataque com 21 Swordfish biplanos obsoletos. Voando durante a noite, os pilotos lançaram 11 torpedos na esquadra italiana ancorada, afundando um couraçado e danificando outros dois, incluindo o poderoso Littorio, além de sois cruzadores. O bem-sucedido ataque ajudou a equilibrar a balança de poder no Mediterraneo e forçou a marinha italiana a se deslocar para bases distantes na costa oeste – e deixou os italianos reticentes sobre testar o poder inglês.”
.

fonte: JORDAN, David & WIEST, Andrew. Atlas da Segunda Guerra Mundial Vol 1 . SP: Ed. Escala, 2008
.
Batalha de Taranto (ou Notte di Taranto)

Os italianos passaram a chamar o ataque inglês de “Noite de Taranto” (Notte di Taranto) enquanto as 'fontes oficiais' dizem “Batalha de Taranto”, e reconhecem o quanto o ataque desmobilizou a hegemonia italiana no Mediterrâneo. Aceitam que a derrota foi uma espécie de “Pearl Harbour” - enquanto o ataque aos norte-americanos seria ousado pelos japoneses em dezembro de 1941 – pois a Marinha italiana foi seguramente afetada (e seria ainda pior na Batalha do Cabo Matapan, como veremos)

Na 'Noite de Taranto', em três ondas de ataque - onde 10 aviões iniciaram incêndios, e outros 11 lançaram torpedos - foram danificados os caça-torpedeiros Libeccio e Pessagno, os encouraçados Caio Duilio e Littorio, além do cruzador Trento. Além das belonaves, também depósitos, reservatórios de combustível foram atingidos. Quanto ao número de baixas, registram-se 85 mortos, sendo 55 civis, e 581 feridos.
.
.
Por Leonardo de Magalhaens
.
Quadro completo da Batalha do Mediterrâneo
.
Ataque britânico à base de Taranto (Itália)
.
.

sábado, 6 de novembro de 2010

Roosevelt Reeleito em 1940







Roosevelt Reeleito em 1940

Diário de Berlim
W Shirer

BERLIM, 6 de novembro [1940]

Roosevelt foi reeleito para um terceiro período de governo! O fato constitui uma verdadeira bofetada para Hitler, Ribbentrop e todo o regime nazista. Isso porque, apesar de Willkie ter chegado quase a ultrapassar o Presidente nas suas promessas de trabalhar pela vitória da Grã-Bretanha, os nazistas desejavam ardentemente a vitória do candidato republicano. Na intimidade, os figurões nazistas não faziam nenhum segredo sobre isso, embora Goebbels obrigasse a imprensa a ignorar praticamente as eleições, de forma a não dar aos democratas a vantagem de poder afirmar que os nazistas apoiavam a eleição de Willkie.

[...]

Pelo fato de Roosevelt ser um dos poucos líderes em toda a acepção do vocábulo produzidos pelas democracias desde a última guerra (olhem para a França, vejam a Inglaterra até o advento de Churchill !) e porque ele também sabe ser enérgico, Hitler sempre alimentou um grande respeito pela sua pessoa e até mesmo um certo receio (enquanto admira Stalin pela sua dureza). Uma parte do sucesso de Hitler foi devida ao fato de existirem apenas homens medíocres, como Chamberlain e Daladier, à frente dos destinos das democracias. Fui informado de que desde que abriu mão, durante este outono, do seu plano de invasão da Inglaterra, Hitler passou a encarar Roosevelt cada vez mais como o maior inimigo que encontrou pelo caminho para a conquista do domínio mundial e, mesmo, para a sua vitória na Europa. E não resta a menor dúvida de que tanto ele como seus assassinos depositaram grandes esperanças na derrota do Presidente. [...]
.
trad. Alfredo C Machado
RJ, Record
.
DIÁRIO DE BERLIM – W SHIRER
.
.
.
Discurso de Thomas Mann
Deutsche Hörer!” / BBC London

Novembro de 1940

“Ouvintes alemães!

A reeleição de Franklin D. Roosevelt para a presidência dos Estados Unidos é um acontecimento de primeira grandeza, talvez decisivo para o futuro do mundo, e assim também foi sentido pelos europeus que consideravam a eleição e seu resultado como uma questão puramente interna dos americanos. Com razão, os destruidores da Europa e os violadores de todos sos direitos dos povos veem em Roosevelt seu mais poderoso adversário. Ele é o representante da democracia combativa, o verdadeiro defensor de uma nova ideia de liberdade ligada ao social e um estadista que sempre distinguiu claramente paz de conciliação. [...]

[...] Em um discurso particularmente mentiroso e doentio que Hitler proferiu recentemente em sua adega em Munique, ele assegurou a vocês que as mais altas autoridades militares alemãs estão convencidas da vitória. Antes de tudo, é estranho que ele recorra a qualquer alta autoridade que não a dele. Não é ele uma espécie de César, Fredrico, Napoleão e mesmo Carlos Magno em uma só pessoa? Foi isso que os historiadores de rua do nacional-socialismo lhe deram para ler, a ele, o deplorável embusteiro da história. Como pôde abandonar seu papel e recorrer ao julgamento dos generais que seguem suas inspirações? Mas esses generais não são todos cadetes envelhecidos e técnicos imbecis do momento militar. [...]

[...] Por que um punhado de criminosos estúpidos se aproveita do processo de transformação econômica e social que o mundo atravessa para empreender uma campanha de conquista do mundo à maneira de Alexandre, anacrônica e sem sentido? Sim, só por essa razão. E o que deve ser e será o desfecho dessa guerra é algo claro. [...]”
.
fonte: “Ouvinte alemães! ; discursos contra Hitler (1940-1945)”
trad. Antonio Carlos dos Santos e Renato Zwick
RJ: Jorge Zahar Ed., 2009
.
.
(nota minha)
O escritor Thomas Mann, ao final deste discurso lido na BBC London, imagina um mundo mais unido – as Nações Unidas – enquanto anima o povo alemão a não ser passivo diante dos criminosos nazistas. Mann esperava que o povo alemão se livrasse do nazismo antes que os Aliados precisassem atacar diretamente a Alemanha.
.
.
Por Leonardo de Magalhaens
.
.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Itália na guerra - norte da África & Grécia








Itália na guerra

(norte da África)
(invasão da Grécia)

O ditador fascista Mussolini resolveu entrar na guerra, em 10 de junho de 1940, ao julgar que a vitória nazista sobre a França e a Grã-Bretanha seria certa e definitiva. Assim as colônias das potências imperialistas poderiam ser mais facilmente conquistadas.

Assim, tropas italianas partiram da colônia da Etiópia (conquistada em 1936) e avançaram rumo a Somália inglesa (situada entre a Somália italiana e o Golfo de Aden, no 'chifre da África') em agosto de 1940, onde o contigente inglês (de 1.500 homens) foi vencido pelas batalhas italianas (cerca de 200 mil soldados). Em 19 de agosto, os ingleses se retiram para Aden, do outro lado do Golfo.

Churchill, o primeiro-ministro britânico, percebeu o perigo do avanço italiano e enviou reforços para o Sudão e o Kênia, que assim se prepararam para contra-atacar qualquer ofensiva italiana. (Tanto que em janeiro/fevereiro de 1941, os ingleses voltariam a recuperar as posições.)

Vejamos um detalhe sobre o início das operações,

“Mussolini tinha grandes esperanças para um ataque contra os ingleses no Egito, pois uma vitória lá desmantelaria a rota marítima vital do Canal de Suez e deixaria os campos de petróleo do Oriente Médio abertos para a conquista. As chances pareciam a seu favor, pois os 250.000 homens no 10º Exército italiano, sob o comando do Marechal Rodolfo Graziani, enfrentaram meros 36.000 soldados ingleses defendendo o Egito. Quando o ataque italiano começou em 13 de setembro, os defensores ingleses, sob o comando geral de Wavell e o comando em batalha do General Richard O'Connor, recuaram para a cidade de Sidi Barrani, onde Graziani interrompeu seu avanço. O comandante italiano tinha motivos para ser precavido – o deserto aberto era reino de operações militares armadas e móveis. Os tanques italianos eram obsoletos em relação aos seus rivais ingleses e estavam em desvantagem numérica de mais de dois para um.”

(fonte: JORDAN, David & WIEST, Andrew. Atlas da II Guerra Mundial. Ed. Escala, 2008. p. 68)

Tendo as forças italiano cessado a ofensiva, passaram a ser sujeitas a um contra-ataque britânico – o que aconteceu no início de 1941, como veremos.
.
Quem é Rodolfo Graziani
(em italiano)
http://it.wikipedia.org/wiki/Rodolfo_Graziani
.
.
...
Itália fascista invade a Grécia

Em 20 de outubro de 1940, as autoridades gregas receberam um agressivo ultimato do governo fascista italiano, no qual o governo do Duce acusa os gregos de cooperação com os ingleses, o que não se encaixava na declaração de 'neutralidade' grega.

As autoridades gregas interpretam o ultimato como uma intervenção italiana e sabem que uma ação armada será iminente. De fato, em 28 de outubro, tropas italianas começam uma ofensiva a partir do território da Albânia (ocupada em 1939) rumo as montanhas do norte e do noroeste da Grécia.

Trecho interessante, onde mostra que Mussolini quis 'surpreender' Hitler – em clara falta de 'articulação estratégica' entre os cabeças do Eixo.

“No dia 22 de outubro, Mussolini enviou uma carta a Hitler, comunicando-lhe, sem especificar a data do ataque, sua decisão de invadir a Grécia. Dois dias mais tarde, Ribbentrop telefonou urgentemente a Ciano e marcou uma entrevista entre Hitler e o Duce na cidade de Florença. Hitler acabava de conferenciar com Franco e Pétain, com o propósito de obter o apoio espanhol e francês na luta contra a Grã-Bretanha. Não havia, no entanto, obtido nenhum resultado positivo para suas gestões.”

(Fonte: A Segunda Guerra Mundial. “Ofensiva Italiana nos Balcãs” in: “9 – Mussolini: invadam a Grécia” . Ed. Codex, 1965.)

O fracasso da ofensiva italiana

Em 28 de outubro de 1940, partindo de posições na Albânia o avanço italiano (cerca de 220 mil soldados) rompeu a fronteira grega rumo a cordilheira do Pindo – a partir de onde as tropas invasoras passaram a receber violentos contra-ataques dos defensores gregos (parte de um exército de 400 mil homens)

Até 03 de novembro, os defensores conseguem conter a invasão e, em Atenas, é decretada a MOBILIZAÇÃO TOTAL. Os ingleses se posicionam em Creta e outras ilhas do mar Jônico e do mar Egeu. Esquadrilhas da RAF decolam do Egito rumo às bases gregas, de onde podem organizar ataques às bases italianas no Meditêrraneo, além de linhas de comunicação na Albânia. Enquanto isso, o ditador Mussolini convoca os reforços requiridos pelo comandante Badoglio.

É justamente em novembro de 1940, que o ditador alemão Hitler resolve intervir no conflito dos Balcãs – visto a péssima atuação bélica italiana e a intervenção militar inglesa. Assim em abril de 1941 terá início a brutal Operação Marita (Unternehmen Marita) como veremos.
.
mais sobre a invasão italiana da Grécia 1940
http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=110
.
.
.
por Leonardo de Magalhaens
.
.