Churchil – O Lorde da Guerra
Ronald Lewin
Biblioteca do Exército Editora / 1979.
trad. Cel. Álvaro Galvão
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“Na véspera da sua nomeação [de Churchill] ocorreu um episódio que lançou dúvidas sobre a estabilidade e a justeza do seu julgamento: a campanha da Noruega. Chamberlain arcou com toda a culpa por este fracasso – e com razão; como Primeiro-Ministro, cabia-lhe manter um controle firme sobre todas as ações, mas, no caso da Noruega, não soube assumir o controle de uma operação combinada e, assim, conservar Churchill no seu devido lugar. Entretanto, como já era evidente naquela época, e ficou devidamente comprovado desde então, a maior parte dos grandes erros – erros na estratégia e na tática, erros de organização fáceis de evitar – ocorreram por culpa de Churchill. De cabeça quente, desnorteado e interferindo em tudo, o Primeiro Lorde do Almirantado parecia ter que embaralhar as coisas. No princípio, parece que houve grande dúvida tanto em Whitehall como em Westminster [expressão equivalente a 'no Governo e no Congresso', N. do T.] sobre a sua fidedignidade. Ismay, que logo iria se tornar seu adepto fiel, registrou na autobiografia que escreveu a sensação de desalento que se espalhou pelos estados-maiores das diversas forças armadas quando foi anunciada a nomeação de Churchill. Colville chega a ser rude a este respeito: “Em maio de 1940, a simples ideia de Churchill como Primeiro-Ministro provocava arrepios na espinha dos assessores em Downing Street 10. Os sentimentos ali existentes eram compartilhados pelos gabinetes dos ministros e pelos parlamentares.”
“Na véspera da sua nomeação [de Churchill] ocorreu um episódio que lançou dúvidas sobre a estabilidade e a justeza do seu julgamento: a campanha da Noruega. Chamberlain arcou com toda a culpa por este fracasso – e com razão; como Primeiro-Ministro, cabia-lhe manter um controle firme sobre todas as ações, mas, no caso da Noruega, não soube assumir o controle de uma operação combinada e, assim, conservar Churchill no seu devido lugar. Entretanto, como já era evidente naquela época, e ficou devidamente comprovado desde então, a maior parte dos grandes erros – erros na estratégia e na tática, erros de organização fáceis de evitar – ocorreram por culpa de Churchill. De cabeça quente, desnorteado e interferindo em tudo, o Primeiro Lorde do Almirantado parecia ter que embaralhar as coisas. No princípio, parece que houve grande dúvida tanto em Whitehall como em Westminster [expressão equivalente a 'no Governo e no Congresso', N. do T.] sobre a sua fidedignidade. Ismay, que logo iria se tornar seu adepto fiel, registrou na autobiografia que escreveu a sensação de desalento que se espalhou pelos estados-maiores das diversas forças armadas quando foi anunciada a nomeação de Churchill. Colville chega a ser rude a este respeito: “Em maio de 1940, a simples ideia de Churchill como Primeiro-Ministro provocava arrepios na espinha dos assessores em Downing Street 10. Os sentimentos ali existentes eram compartilhados pelos gabinetes dos ministros e pelos parlamentares.”
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pp. 24/25
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Churchill possuía diversas inaptidões para um Grande Comandante – inaptidões tanto intelectuais como temperamentais. Só parece justo admiti-las e relacioná-las depois de tentar uma avaliação do seu desempenho naquele papel, pois foi bem-sucedido apesar das inaptidões. Os defeitos do caráter de Hitler tiveram importância fundamental; os de Churchill, importância periférica. As imperfeições não atingiram o cerne do seu poder. E ele contava com qualidades notáveis. Ao assumir a função de Primeiro-Ministro, Churchill chegou a ela com as mãos limpas; mesmo aos olhos dos seus adversários, ele estava isento do pecado de apaziguamento. Além disto, em comparação com Roosevelt, ou com os ditadores, Churchill desfrutava de uma outra vantagem enorme. Seu campo de ação era o mundo. Dentro dele podia viajar livremente, locomover-se, como ele fazia magistralmente, toda vez que julgasse necessário.
Em virtude da sua posição especial, o Presidente dos Estados Unidos jamais conseguiu, como Churchill, pular pelos continentes em esforços improvisados para desatar os nós górdios. (Hitler, por sua vez, fechava-se em seu posto de comando, enquanto Stalin deixava-se enclausurado em Moscou.) E havia uma outra vantagem para Churchill, o Grande Comandante. Sua função constitucional não o impedia de visitar os locais de combate. (*) Sua presença constituiu uma inspiração para o combatente, pois ele esteve na sala de controle dos caças em 1940, no deserto egípcio, na parada triunfal em Trípoli, nas praias da Normandia, ao largo do litoral da França e na transposição do reno. Hitler dirigia a sua guerra pela mística, Stálin pelo terror e Churchill pela simpatia.
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*Nota: “Com o correr do tempo, infelizmente Hitler visitava a frente cada vez com menos frequência; na última fase, não apareceu mais. Assim, perdeu o contato com a tropa e não mais conseguia compreender o que ela sentia e sofria.” (Guderian, em “Panzer Lider”)
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pp. 34/35*Nota: “Com o correr do tempo, infelizmente Hitler visitava a frente cada vez com menos frequência; na última fase, não apareceu mais. Assim, perdeu o contato com a tropa e não mais conseguia compreender o que ela sentia e sofria.” (Guderian, em “Panzer Lider”)
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Churchill – o Lorde da Guerra
LdeM
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