quarta-feira, 27 de maio de 2009

O Pacto de Aço / Antecedentes do Conflito no Pacífico



O Pacto de Aço

Em maio de 1939, os governos fascistas da Itália e da
Alemanha resolveram colocar no papel o que o mundo
todo já esperava: uma aliança entre os governos ditatoriais
com o propósito de apoio militar e expansão imperialista.

Ambos descontentes com os limites anglo-franceses de
conquista de territórios africanos e com o domínio das
potências ocidentais no Oriente Médio. Além disso, a
questão ideológica: ambos os governos eram radical-
mente anti-comunistas.

Foi assim que assinaram o Pacto de Aço (Stahlpakt,
Patto d'Acciaio, Pact of Steel, Pacte d'Acier
) em 22 de
maio de 1939, com promessas de ajuda militar e comércio
de matérias-primas, além da luta contra os 'comunistas'.
(Depois o Pacto Anti-Komintern seria ampliado pelas
esferas de influência, e com o surgimento de outras
ditaduras fascistas.)

O papel que levava a assinatura de italianos e alemães
foi uma providência de Ribbentrop e Ciano, os mestres-
dos-fantoches dos serviços diplomáticos, uma vez que
Hitler superestimava o poderio italiano, e Mussolini
acreditava na invencibilidade alemã. Ambos destinados
a criarem a 'nova ordem' contra os liberais e os comunistas.
Ambos prontos a defenderem os novos territórios e a
escravização de novos súditos.

(Em 29 de setembro de 1940, o imperialismo japonês adere
ao Pacto de Aço, e assim é declarado o Pacto Tripartite,
uma ampliação do Eixo Roma-Berlim e do Pacto Anti-Komintern.
Pomposo Pacto assinado na Nova Chancelaria. Contudo os
termos dos Pactos eram pouco respeitados. Hitler não informou
Mussolini sobre a , e depois o Duce não avisou sobre a invasão
(desastrada) da Grécia. Depois a Alemanha se viu não
apoiada pelo Japão quando do ataque a URSS, e por fim
abandonada, quando a Itália pediu armistício em setembro
de 1943.)



Antecedentes do Conflito no Pacífico


Na verdade, a guerra no Pacífico começa com o conflito
sino-nipônico, com os japoneses invadindo territórios da
China, brutalizando as populações e explorando as riquezas.
Em 1931, a Mandchúria é ocupada. Depois, em 1937, o
avanço até Shangai. De triste celebridade é o Massacre
de Nanking
, em dezembro de 1937, quando os japoneses
assassinaram friamente soldados e civis chineses, na
tomada da então capital.

Vejam detalhes
em http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Nanquim

Na época, os EUA apoiavam uma política de “Portas Abertas
na China. Todas as nações deviam reconhecer a 'integridade
territorial' da China, enquanto mantinham as relações
econômicas, de intenso fluxo comercial.

Quando o Japão ousou agredir a China, tal ato acabou por
romper o 'equilíbrio de poder' na Ásia (assim como a
expansão alemã ameaçava a Europa). O secretário de
Estado norte-americano Cordell Hull condenou o ataque
japonês à China. Inutilmente. Em 1938, o presidente Roosevelt
já mostrava-se descrente da 'política do apaziguamento': “A
paz pelo medo não é melhor nem mais duradoura que a paz
pela espada.


Mas os EUA só se preocuparam mesmo foi com a Queda da
França
(em maio de 1940) e a possível invasão das Ilhas
Britânicas (a Batalha da Inglaterra). Caso, o III Reich vencesse
a GBR, os EUA ficariam sozinho, do outro lado do Atlântico.

Em 1940, Roosevelt candidatou-se ao 3o mandato. E pregava
uma coalização nacional (inclusive indicou vários republicanos
para cargos importantes – e o candidato republicano – Wendell
Willkie – pensava nos termos de 'não isolacionismo'.

A “Lei de Empréstimos e Arrendamentos” (o Lend-Lease Act),
de 1941, possibilitou uma maior ajuda aos países que resistiam
ao avanço do Eixo. Na prática era uma ajuda – em capital, armas,
munições – de 7 bilhões de dólares, para os países anti-fascistas
(GBR, URSS, China e outras 35 nações) Contudo, os EUA
mantiveram as relações diplomáticas com os países do Eixo.

Mais sobre o Lend-Lease
em http://en.wikipedia.org/wiki/Lend-Lease


Antes, em janeiro de 1940, o tratado de comércio entre EUA
e Japão completa a validade e não foi renovado. Ao contrário:
ocorre a proibição de exportação de certos produtos para os
japoneses. Quais produtos? Aço, sucata, petróleo.
Tais 'sanções econômicas' abalam os militaristas japoneses,
que percebem o quanto o Japão depende das matérias-primas
alheias, principalmente, estas vindas dos EUA.

Com a Queda da França, os japoneses ocupam a parte sul do
Viet-Nam, em 1941, com a permissão 'relutante' do Governo
de Vichy
. E igualmente ocupam as Índias Orientais Holandesas
(futuramente, a Indonésia), quando a Holanda é ocupada pelos
alemães. Tal expansão nipônica é explica pela necessidade de
matérias-primas, principalmente petróleo.

Contudo, os japoneses não desistiram da diplomacia. A proposta
era: se os EUA desistissem do 'bloqueio econômico', além de
convencerem os nacionalistas chineses à um armistício, o Japão
não atacaria no Pacífico. Mas em junho de 1941, as negociações
estão em impasse, e o Secretário Hull continua inamovível. No
Japão, Konoye Fumunaro assume como Primeiro-Ministro e o
Almirante Nomura é o Embaixador em Washington. Em agosto,
Konoye propôs um encontro com Roosevelt.

Mas até outubro nada se concretiza, e o General Tojo assume
como Primeiro-Ministro. São traçados os planos de guerra. Alvos:
Pearl Harbour, Filipinas, Singapura. Mas é mantido o 'disfarce
diplomático'
: o envio de Kuruso Saburo à Washington, em novembro.
Em 1o de dezembro, a decisão da guerra. E os EUA sabiam!
Desde a decifração do código japonês. Só não se sabia Quando
nem Onde.

A declaração de guerra chega em 7 de dezembro de 1941, com
Pearl Harbour atacada. Mas C. Hull sabia desde o dia anterior.
A base no Havaí foi alertada tarde demais. Propositalmente?
(Assim, os EUA teriam um motivo palpável para entrarem
explicitamente em guerra com o Eixo)


Continua...


Por
Leonardo de Magalhaens
http://leonardomagalhaens.zip.net/

sábado, 16 de maio de 2009

Os nazistas no governo da Alemanha





De como os nazistas se tornaram Governo


Ninguém levava os nazistas muito à sério. “Um bando
de malucos”, os conservadores diziam. “Uns baderneiros”,
ironizavam os nobres. Mas eis que os partidários do
Hitlerismo estão no poder! E não hesitam em perseguir
quem não concorda com o brado “Alemanha desperta!”
(Deutschland Erwacht) – sejam esquerdistas ou moderados,
judeus ou católicos fervorosos.

Mesmo os políticos britânicos não levavam Herr Hitler
em consideração (talvez a exceção seja mesmo o ex-Lord
do Mar, Winston Churchill) até que o “cabo louco” levou
sua obsessão a ponto de eliminar seus velhos partidários,
e aliar-se com os militares conservadores da nova Wehrmacht.
A trágica Noite dos Longos Punhais (Nacht der langen
Messer, Night of the Long Knifes, Nuit des Longs Couteaux,
Notte dei lunghi coltelli
) marcou com sangue a união dos
nazistas hitleristas com os militares da tradição prussiana.

Hitler não fez um expurgo dos oficiais do Exército (Heer),
como desejava Ernst Röhm, líder da S. A ., nem destituiu
os plutocratas, os oligarcas, como queria o 'socialista'
Gregor Strasser. Ao contrário, o Führer ordenou a eliminação
dos 'subversivos esquerdistas' dentro do próprio Partido,
os 'arruaceiros das S. A .', pois “depois da Revolução,
sobra o problema dos revolucionários
”. Hitler não 'purificou'
o Exército, mas o próprio movimento nazista! Eliminou
num golpe os líderes das S. A ., muitos deles 'velhos
camaradas'. Assim se livrou da rebelião dos 'socialistas'
mais que nacionalistas (neste contra-senso que é um
partido ser 'nacional-socialista'!) e conquistou a confiança
dos Generais da antiga tradição germânica.

(Generais que somente seriam 'expurgados' dez anos
depois, quando do atentado de 20 de julho de 1944, que
quase explodiu o ditador!)

Depois da Noite dos Longos Punhais é que os britânicos e
franceses começaram a observar seriamente os movimentos,
golpes e artimanhas da política nazista. (Ainda mais quando
Hitler tentou anexar a Áustria, quando do assassinato do
Chanceler Dollfuss, por nazistas revoltados. Mas ainda não
era o momento de dar o 'bote fatal'.)

................


A Aliança dos nazistas com os militares


Se o Exército era secular e tradicional, composto por
nobres prussianos e saxônicos, as novas armas, a
Marinha e a Aérea, passaram a ser incentivadas e
integradas por jovens nazistas entusiastas. Em janeiro
de 1935, com a criação da Luftwaffe (usando pilotos e
oficiais da Lufthansa!) e o serviço militar obrigatório (com
efetivos elevados de 100 mil para 500 mil), os nazistas
mostraram o quanto valorizavam as forças armadas.

Era o militarismo alemão de volta ao cenário europeu.
A reação foi imediata: a Conferência de Stresa, em abril
de 1935, com Grã-Bretanha, França e Itália, para comporem
uma 'frente anti-germânica', contra a mudança de fronteiras
DENTRO da Europa (e nada de proibir mudanças FORA
da Europa), além de garantia para a independência da
Áustria.

Reagindo às decisões de Stresa, Hitler denunciou, em
21-05-35, todas as cláusulas militares do Tratado de
Versalhes
. O rearmamento alemão estava assim explícito.
Fiéis a realpolitik, os britânicos logo negocial com os
alemães o limite da frota do Reich (cerca de 1/3 da frota da
GBR) e certa proporção de submarinos. E tudo isso sem
consultar a França! Irritados contra os britânicos, os
franceses (principalmente Pierre Laval) entram em
negociações com a Itália (que fortalece o fascismo ao
conquistar a Etiópia).


(A política francesa reacionária de Laval pode ser
analisada a partir do artigo livre encontrado na wikipédia
francesa, no link abaixo
http://fr.wikipedia.org/wiki/Pierre_Laval , onde as
ambiguidades francesas enfraqueciam sua resistência
aos nazistas)

continua..

por
Leonardo de Magalhaens

http://leonardomagalhaens.zip.net/

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Crises Econômicas do Pós-Guerra e o Nazismo










Crises Econômicas do pós-guerra


Que as crises econômicas da década de 20 e 30 tenham
influenciado e muito a ascensão nazi-fascista até a guerra
mundial ninguém nega, mas analisar as influências diretas
na 'perspectiva de mundo' do cidadão comum, poucos fazem.
As instabilidades monetárias e os diversos planos econômicos
levavam as classes médias e populares a uma descrença
com o sistema político, confundindo os governos burgueses
com a 'democracia' – e assim pensando que a culpa era dos
sistemas parlamentares.

Uma forte onda anti-liberal varreu a Europa – ainda em recons-
trução – e os ditadores começaram a falar mais alto. Os ditos
'governos fortes' passaram a dizer que era o 'fim do liberalismo',
pois os plutocratas, os financistas, os burocratas, os banqueiros
eram os culpados. Com tal discurso conseguiram até a adesão
de fartas fatias das classes proletárias, acostumadas a um
discurso de 'esquerda'.

Para exemplificar, citemos os planos que regulavam os
pagamentos alemães como ressarcimentos por prejuízos
causados pela Primeira Guerra Mundial. O Plano Dawes, de
novembro de 1923, restituía ao governo de Berlim o controle
do orçamento, devendo uma comissão aliada de fiscalização
supervisionar as operações bancárias e tributárias alemãs.

Tal plano vigorou até o Plano Young, em junho de 1929, que
retirava às nações credoras qualquer poder de intervenção na
economia da Alemanha, a qual se comprometia a pagar 37
atividades fixas e 22 anuidades condicionais.

Então o que aconteceu? A quebra da Bolsa de Valores de
New York
, ali na Wall Street, na quinta-feira sombria de 24 de
outubro de 1929, com sua amostra de crise financeira sistêmica,
causou um abalo no mundo e atingiu diretamente os alemães,
que se encontraram impedidos de pagarem as tais anuidades.

O crash de Wall Street (in english) vejam mais em http://en.wikipedia.org/wiki/Wall_Street_Crash_of_1929


Caos favorável aos fascistas (e também aos extremistas de
esquerda) que aproveitavam os financistas como 'bodes
expiatórios'. Hitler, no poder depois de 1933, passou a rasgar
o Tratado de Versalhes, artigo por artigo, página por página. Em
1935, começou o rearmamento, a nova Wehrmacht. Gastos
militares e obras públicas movimentam a economia. Em janeiro
de 1937, o governo alemão declarou abolido qualquer futuro
pagamento de indenizações de guerra.



Banqueiros britânicos financiaram os nazistas


Por que os banqueiros britânicos financiaram os nazistas?
Simplesmente porque esperavam uma guerra contra o
'comunismo', contra a URSS. Não importava muito se a Polônia
fosse 'molestada'.

Os líderes britânicos não fizeram qualquer esforço para chegar
a um acordo com o governo de Stálin. Daí os nazistas aproveitarem
e, com promessas de uma nova partilha da Polônia, chegarem a
um acordo, o Pacto de Não-Agressão, negociado por Ribbentrop
e Molotov (apesar de que o Pacto Anti-Komintern era expressa-
mente contrário a qualquer relação diplomática dos países
signatários com a potência 'comunista')

Contudo, para o III Reich se voltar contra a URSS, Hitler
precisaria transformar a Alemanha em potência européia –
o que contrariava os partidários do Império Britânico. (Para
Churchill, uma aliança com os soviéticos era meramente
'funcional' – afinal, que outro exército na Europa poderia derrotar
os alemães? O Primeiro-Ministro bem que gostaria que o Reich
e a URSS se eliminassem mutuamente. Como não aconteceu,
ele apoiou a URSS – na política do 'inimigo de inimigo meu,
é amigo meu'
– numa aliança comum e bizarra, onde os
soviéticos entravam com as tropas, numerosas tropas que
seriam sangradas numa 'guerra total'. Mas quando os soviéticos
se mostraram contra-ofensivos e finalmente vencedores,
Churchill passou a gritar contra o 'imperialismo estalinista'!)

Assim, em nome da 'garantia' à Polônia, a Grã-Bretanha declarou
guerra (igualmente fizera em 1914, quando entrou na Grande
Guerra
para exigir a 'intocável' neutralidade da Bélgica) a possível
nova potência – a Alemanha. (Mas antes não havia entregue a
Tchecoslováquia ao Reich? Por que a Grã-Bretanha não declarou
guerra a URSS em setembro de 1939, quando Stálin ordenou o
avanço sobre o leste da Polônia? O objetivo era culpabilizar a
Alemanha por um ato de 'lesa-paz' em nome da segurança e
da democracia, enquanto o medo dos britânicos era de uma
concorrência em plena Europa.

(A Grã-Bretanha não poderia enfrentar o Reich e a URSS ao
mesmo tempo! Teria que jogar a URSS contra o Reich, de
algum modo. Até que Hitler fez exatamente o que os britânicos
queriam – o Führer invadiu a Rússia!)

Até agora não há provas de que Hitler planejava uma 'guerra total'
contra a Grã-Bretanha (e muito remotamente contra os EUA).
O ditador alemão pretendia neutralizar os franceses e britânicos,
para poder exterminar os judeus e eslavos, e assim dominar o
leste europeu.


Voltaremos a esse assunto.

Leonardo de Magalhaens