domingo, 24 de janeiro de 2010

Prévias da WW2 - A Guerra Civil Espanhola






Guerra Civil Espanhola (julho 1936 – abril 1939)

Se o General Franco e os militares rebeldes esperavam
derrubar a República com um 'golpe de Estado' estavam
eles um tanto enganados: os espanhóis democratas
resistiram ao avanço fascista, contando com forças de
esquerdas (nem todas democratas, como os comunistas
e anarquistas), o que gerou um conflito de vastas
proporções, sendo lento e sangrento. E exigiu apoio de
estrangeiros: voluntários das Brigadas Internacionais,
forças alemãs, italianas e soviéticas.

Cerca de um milhão de espanhóis – além de voluntários,
de ambos os lados, vindos de outras nações – perderam
a vida nas batalhas e nos massacres de civis. Uma luta
ideológica feroz e sem quartel – contando com o apoio da
infantaria italiana e da aviação alemã (no lado reacionário)
e com a artilharia e forças blindadas soviéticas (no lado
comunista)

Houve radicalismo de ambos os lados – e poucos democratas
foram ouvidos. A República não foi mantida devido ao
ataque externo – os falangistas e monarquistas – e interno –
pois os comunistas e anarquistas não queriam nem República
nem Monarquia, mas sistemas sociais alternativos, a 'ditadura
do proletariado' OU a 'livre autonomia', respectivamente.
(Lembrar do 'racha' entre os próprios comunistas: divididos
entre 'estalinistas' e 'trotskistas'.)

A luta se arrastou – com cidades e vilarejos ora em mãos
fascistas ora em mãos republicanas – que vingavam-se
vergonhosamente quando da re-conquista. (Ambos os lados
se julgavam numa 'cruzada' – onde tudo era permitido e
tolerado, desde que se conquistasse a 'vitória') Assim, os
esquerdistas (republicanos e anarquistas) matavam religiosos,
e os falangistas assassinavam sindicalistas, líderes camponeses,
artistas (o poeta Lorca é um triste exemplo), os comunistas
atacavam anarquistas, em suma, o caos social, uma das
guerras fraticidas mais vergonhosa que o ser humano
pôde testemunhar. (E foi testemunhada! Lá estavam os
escritores Ernest Hemingway, André Malraux, George Orwell,
Pablo Neruda, Saint-Exupéry, além do fotógrafo Robert Capa)

As forças de 'direita' venceram pois souberam se unir apesar
de suas diferenças, enquanto as 'esquerdas' lutaram entre si,
apesar de suas semelhanças: desejavam mais JUSTIÇA
SOCIAL, porém sendo radicais, não souberam apoiar a
democracia republicana (ainda que fosse burguesa), que caiu
aos pés da ditadura fascista do General Franco, militar rebelde.

Além disso, o 'jogo duplo' do ditador Josif Stálin (que não era
nem socialista, nem comunista, mas um sedento pelo poder,
exercido junto com uma burocracia oportunista) acabou por
fraturar a 'esquerda radical', incapaz de construir uma
alternativa às forças reacionárias, que restauram as castas e
injustiças de renda e de decisão, fortalecendo o regime de
exceção.

(Repetiu-se o que aconteceu na Alemanha: os radicais
comunistas se mostraram contrários a República de Weimar,
burguesa e social-democrata, que usou as forças direitistas
para sufocar os esquerdistas, que por fim, se viram sob
um regime ainda pior: o Nacional-socialismo (sic!) de
Adolf Hitler, um monstro a se esconder sob a pele de médico.)
mais sobre a Guerra Civil Española :::::::::

sábado, 16 de janeiro de 2010

A Itália imperialista / Guerra na Etiópia





A Itália estava preparada para a Guerra?

Já analisamos o fenômenos dos Fascismos (vejam o
blog http://leonardomagalhaens.zip.net/ ) enquanto
sistema político e econômico, e suas causas e
consequências sociais e culturais, mas ainda não
abordamos a situação militar da Itália, sob o regime
do ditador, o Duce Benito Mussolini.

A Itália, também atrasada na 'corrida imperialista',
buscava vantagens comerciais e coloniais no norte
da África, atuando na (atual) Líbia, além da Eritreia e
da Somália italiana, e depois na Etiópia (Abissínia).
Os italianos possuíam fortalezas ao longo do Mar
Mediterrâneo, em suas colônias na Tripolitânia e na
Cirenaica, entre as colônias francesas (à oeste) e
inglesas (à sudeste e leste), que usavam como 'rota
estratégica' para avanços ao extremo leste do continente
(nas bordas do Mar Vermelho).

Assim, a Guerra da Etiópia (outubro 1935 a maio 1936)
foi apenas mais um passo imperialista da Monarquia
italiana aliada ao interesses burgueses de dominação
econômica e territorial. Nada diferente do que faziam a
Grã-Bretanha e a França, exceto o detalhe: o 'imperialismo'
já tinha péssima imagem (assim os retardatários Itália e
Alemanha – além de Japão – precisaram fazer guerra
para conseguir algum espaço meio aos Impérios britânico
e francês.)

Sabemos que o Fascismo italiano foi um populismo aliado
à Monarquia e ao Exército, no sentido de abafar os
movimentos populares de Esquerda – social-democratas,
socialistas e comunistas, além de anarquistas – e manter
a aliança burguesia-monarquia, não que através de uma
'diarchia' Rei – Duce. O Rei Vittorio Emanuele III cedia o
governo ao ditador Mussolini, para sufocar as manifestações
'subversivas' que clamavam por justiça social. E o Exército –
representado pela velha guarda, p.ex. Emilio De Bono –
garantia a face de 'Ordem' e de 'legalidade' ao novo regime
fascista. (O mesmo representa o apoio do General Ludendorff
ao golpista Adolf Hitler, em 1923
)(1)

Assim o imperialismo exibia sua face claramente militarista
em campanhas no norte da África (e depois seria a tragédia
na Albânia e na Grécia...), além de apoiar as forças direitistas
(falange, monarquistas e católicos) contra os esquerdistas
(republicanos, socialistas, comunistas, anarquistas) na
Guerra Civil Espanhola (1936-39)

Guerra d'Etiopia (3 ottobre 1935 – 9 maggio 1936)


Tropas italianas invadiram a Etiópia (Abissínia) a partir
de posições ao norte (Eritreia) e à leste (Somália italiana)
e avançaram rapidamente, de início, até se defrontarem
com a resistência das tropas do Negus (rei) Hailè Sellassiè,
o que visivelmente atrasou a campanha dos italianos.
(Segundo as fontes disponíveis, as tropas invasoras somavam
330 mil, enquanto os defensores eram cerca de 500 mil)

Com armamentos já obsoletos na Europa, sejam canhões
ou carros armados, as tropas italianas não alcançaram de
imediato a capital Addis Abeba. Em novembro de 1935, o
General Emilio De Bono é promovido a Maresciallo d'Italia e
devia ceder o comando ao General Pietro Badoglio. De Bono
recebe ainda a “Ordine militare di Savoia”. Após a vitória
italiana em Addis Abeba em maio de 1936 é proclamado
o Império.

As perdas italianas totalizaram cerca de 4 mil mortos (sendo
quase mil civis) e os etíopes perderam 275 mil (mortos) e quase
500 mil feridos (a maioria civil). Um massacre – um verdadeiro
massacre! - que aos fascistas soou como a mais bela glória
imperial ! (O que lembra muito os massacres promovidos
pelos britânicos na conquista do Sudan – segundo atestam
os próprios relatos do imperialista Winston Churchill, escritos
em 1898
) (Mas poderiam os italianos enfrentarem exércitos
europeus? Eis a dúvida.)

Para garantir uma posição de força, os fascistas mantinham
o 'fervor militarista' em alta junto ao povo – que adora ficar do
lado de quem está 'vencendo' – e prontamente decidiu intervir
no conflito que então se iniciava na Espanha. Em julho de
1936, o General Franco sublevou os militares rebeldes contra
a Segunda República Espanhola.

Nota:

(1)Ainda que a maioria dos fascistas fosse 'monarquista', muitos
haviam saído de movimentos populares – o próprio Mussolini
teria sido 'socialista' – e não hesitariam em apoiar uma República,
caso houvesse a oportunidade. Mas com o 'arranjo' político feito
com o Rei – após a
Marcha sobre Roma, em outubro 1922 – os
fascistas, como bons oportunistas que são, se tornaram um dos
suportes da Monarquia. Entre os 'monarquistas' pode-se destacar
De Vecchio, De Bono, Ciano, Balbo, etc. Entre os 'republicanos' –
que depois fundaram a efêmera República de Salò, com apoio
nazista – encontraram-se Scorza, Farinacci, Arpinati, Starace,
Pavolini (o Goebbels italiano), dentre outros.

Leonardo de Magalhaens




Videos sobre a Guerra na Etiópia

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Drôle de Guerre: o afundamento do Graf von Spee





Jean-Paul Sartre sobre o afundamento do Graf von Spee

(Diário de uma Guerra Estranhaa Drôle de Guerre)
(Les Carnets de la Drôle de Guerre, 1983)
trad. Aulyde Soares Rodrigues

O escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre foi
convocado, no início da Guerra, para atuar no
serviço de Meteorologia, na Alsácia, e vivenciou
a ‘guerra falsa’ (Drôle de Guerre)

(dezembro/1939)
quarta-feira, 20

O caso Graf von Spee. Prudência e astúcia da
parte dos aliados. Foi anunciado para o mundo
inteiro que o Renown e o Ark Royal esperavam
o navio alemão na saída do porto. Ele ficou com
medo e afundou. O Renown e o Ark Royal estavam
a mil milhas do local. Nas vésperas do nosso recuo
secreto, no começo de outubro: os alemães,
enganados pela resistência de alguns postos
avançados, avançam em campo aberto e são colhidos
por uma chuva de balas. Comparar com os princípios
de 14, o heroísmo, a guerra jogo-franco. Desta vez
fazemos uma guerra de vigaristas, de mentirosos.
Uma guerra contra a honra militar. Os alemães
fazem o mesmo, aliás: suicídio do Graf von Spee.
Hitler diz a Rauschning*: “Tudo o que tenho a fazer
é formar cavaleiros
.” Os jornais franceses, que não
o temem, tiveram a audácia de zombar dele por
causa do abandono do Graf von Spee. Mas era
preciso manter por algum tempo, aos olhos da
retaguarda, a lenda da honra militar. Na verdade
a guerra se faz contra ela [a honra militar], assim
como ela se faz contra a guerra de 14. Será arruinada
para sempre. Felizmente. É certo que sempre houve
estratagemas de guerra. Mas esta pretende usar
somente os estratagemas. Com mais dois ou três
anos desse tipo de guerra, a noção de coragem
estará realcionada com a paz; a noção de covardia,
com a guerra. Aliás, ao que parece, é sob esse
aspecto de tédio sem grandeza que ela é vista
no estrangeiro. Meu aluno Christensen escreveu-me
da Noruega: “Há uma linha Mannerheim que defende
Helsinque. Essa região faz lembrar a guerra de
posições que o senhor conhece. E lá se morre –
pelo menos no sentido figurado – de tédio. Espero,
entretanto, que seus escritos ocupem seu tempo
.”

*Ex-amigo pessoal do Führer, Rauschning voltou-se contra o nazismo. Escreveu Hitler me Disse e A Revolução do Niilismo. (N. do E. francês)


mais sobre o Graf von Spee em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coura%C3%A7ado_Graf_Spee

http://www.naufragiosdobrasil.com.br/especialgrafspee.htm