CORRENTES HISTORIOGRÁFICAS
Parte 1
Uma das problemáticas para quem vai estudar sobre a
Segunda Guerra Mundial é a quantidade de informações
disponíveis e a quantidade de lacunas, além das inúmeras
abordagens conflitantes e contraditórias dependendo das
perspectivas assumidas pelos historiadores – perspectivas
não apenas nacionais, mas sobretudo ideológicas.
Historiadores aristocratas com ideias radicalmente contrárias
às de um scholar de classe média ou de origem proletária.
Professores burgueses que exaltam o liberalismo. E os
ex-comunistas que glorificam a democracia. Escritores direitistas
que negam o Holocausto. Todos com suas visões particularistas,
tendenciosas.
Um dos primeiros a escrever, a começar por seus diários, foi
o jornalista norte-americano William Shirer, que publicou em
1960, o já clássico “The Rise and Fall of the Third Reich” (A
Ascensão e a Queda do III Reich) onde os fatos políticos, as
decisões de gabinete, se entrelaçam com as batalhas militares.
Um dos primeiros a analisar a propaganda e a deturpação das
informações – o que o governo divulga e o que omite ao
conhecimento popular.
Outro clássico é Ernest Mandel (1923-1995), onde as forças
históricas e a análise estrutural do imperialismo capitalista é
mais importante que líderes e grandes homens, aqui meros
fantoches de 'forças históricas'. Assim, para Mendel (e também
Trotsky e E. Fromm), Hitler representa apenas uma marionete
do processo histórico – o capitalismo corporativo aliado ao
nacionalismo militarista, enquanto Churchill, o aristocrata
britânico, seria a continuação da Primeira Guerra Mundial,
com sua defesa do imperialismo britânico.
Também com base marxista, encontramos Isaac Deutscher
(1907-67), observador dos primeiros tempos do fascismo,
biógrafo de Trotsky e Stálin, meio ao fogo cerrado das
ideologias, o flagor dos extremismos. Ataca o Estalinismo,
mas tentando resguardar o Bolchevismo, tentando lembrar
o que seja socialismo. Enquanto ataca os ex-comunistas, entre
eles, o escritor Louis Fischer, biógrafo de Lenin e Stálin, que
passa a atacar o totalitarismo soviético. Tanto I. Deutscher quanto
L.Fischer são inexatos, o primeiro por ser de esquerda, e o
segundo por ser ex-comunista, e assim mostrarem os fatos sob
um aspecto ideológico, a ressaltarem ora o espírito da Revolução,
ora a miséria do povo russo, enquanto procuram ou desculpar
excessos (assim faz Deutscher) ou apontar violências (assim
faz Fischer)
Aproveitando o farto material disponível nos Julgamentos de
Nuremberg, o aristocrata britânico Allan Bullock (1914-2004)
escreveu em 1952 o livro “Hitler: A Study in Tiranny', obra esta
que abre um debate com outro aristocrata, Hugh Trevor-Roper,
um anti-comunista fervoroso, quando ambos tentam chegar a
uma resposta para a velha questão: Hitler era um oportunista
ou um ideólogo fanático? Isto é, Hitler acreditava mesmo no
que escrevia, dizia e gritava?
A ideia de um “Sonderweg” (“caminho especial”) germânico em
seu avanço e tragédia histórica, é negada pelo historiador alemão
Karl Dietrich Bracher em sua obra “Die Auflösung der Weimarer
Republik” (1955), a pobre democracia imposta de fora e negada
internamente nos embates de radicais de esquerda e de
direita. Nega a teoria marxista de nazismo enquanto 'conspiração
reacionária capitalista', mas aceita a tese do Populismo (aqueles
movimentos 'völkisch', p.ex.) outro destaque é “Die deutsch Diktatur”,
de 1969. Uma análise dos dilemas alemães com a derrota na
I Guerra Mundial, até a estruturação totalitária, esta negada por
Martin Broszat, também alemão, que ressalta os aspectos
irracionais do nazismo, movendo um estado de 'economia de
guerra' (assim 'totalitarismo' seria somente o sistema estalinista)
Nessa linha de comparar 'hitlerismo' e 'stalinismo' se destaca o
também germânico Ernst Nolte, mostrando os dois lados da moeda
(Hitler e Stalin: um contra o outro, e assim criando suas carreiras
políticas. Hitler diz ser o anti-bolchevista-mor, e Stálin, o defensor
dos povos contra o fascismo)
continua...
por Leonardo de Magalhaens
direita. Nega a teoria marxista de nazismo enquanto 'conspiração
reacionária capitalista', mas aceita a tese do Populismo (aqueles
movimentos 'völkisch', p.ex.) outro destaque é “Die deutsch Diktatur”,
de 1969. Uma análise dos dilemas alemães com a derrota na
I Guerra Mundial, até a estruturação totalitária, esta negada por
Martin Broszat, também alemão, que ressalta os aspectos
irracionais do nazismo, movendo um estado de 'economia de
guerra' (assim 'totalitarismo' seria somente o sistema estalinista)
Nessa linha de comparar 'hitlerismo' e 'stalinismo' se destaca o
também germânico Ernst Nolte, mostrando os dois lados da moeda
(Hitler e Stalin: um contra o outro, e assim criando suas carreiras
políticas. Hitler diz ser o anti-bolchevista-mor, e Stálin, o defensor
dos povos contra o fascismo)
continua...
por Leonardo de Magalhaens
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