sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Molotov em Berlim 1940







O Representante russo Molotov em
conversações com os nazistas

em Berlim - Novembro de 1940

Diário de Berlim
W Shirer

BERLIM, 12 de novembro [1940]

Um dia escuro e chuvoso. Molotov chegou hoje. A recepção que lhe fizeram foi extremamente seca e protocolar. Subindo de automóvel a Unter den Linden, em direção à Embaixada Soviética, o Comissário do Exterior da URSS deu-me a impressão de um mestre-escola atarrancado e provinciano. No entanto, para sobreviver através de todas as rivalidades e intrigas do Kremlin, é indiscutível que deve ter algum valor. Os alemães referem-se abertamente ao fato de permitirem a Moscou a realização do velho sonho da Rússia, a conquista do Bósforo e dos Dardanelos, ao mesmo tempo que reservarão para si o resto dos Balcãs, a Romênia, a Iugoslávia e a Bulgária. E se os italianos conseguirem conquistar a Grécia, o que começa a parecer duvidoso, poderão guardá-la para si.

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BERLIM, 14 de novembro

Julgávamos que os ingleses viessem ontem à noite, quando Ribbentrop e Göring festejavam Molotov com um banquete oficial. A Wilhemstrasse mostrava-se extremamente nervosa ante a perspectiva, uma vez que não lhe agrada a ideia de os figurões nazistas serem forçados a procurar o abrigo antiaéreo em companhia de seus ilustres hóspedes russos. Em vez disso, os ingleses surgiram esta noite pouco antes das 21 horas, mais cedo que nunca, quando Molotov recusou-se a ir para o abrigo, preferindo ficar assistindo ao bombardeio de uma das janelas da sala, cujas luzes estavam convenientemente apagadas. E os ingleses tiveram o cuidado suficiente de não atirar coisa alguma nas vizinhanças.

[...]

trad. Alfredo C Machado
RJ, Record

DIÁRIO DE BERLIM – W SHIRER
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Qual a posição de Molotov no regime estatista russo? O quanto o ditador Stalin confiava no 'diplomata' que negociava com os alemães? Temos um trecho no “Os Homens do Cremlin” sobre isso.

“No cargo de presidente do Conselho dos Comissários do Povo, Molotov dirigiu a execução dos primeiros 'planos quinquenais', foi o principal responsável pelo fortalecimento em sentido absoluto das estruturas do Estado, dirigiu a 'construção socialista' na sua primeira fase atormentada. Em maio de 1939, Stalin confiou-lhe outro encargo pesado: a direção do Comissariado do Povo para os Negócios Externos (mantinha, ao mesmo tempo, a Presidência do Conselho), com a tarefa de 'virar ao avesso' as atitudes filo-ocidentais, antes próprias da diplomacia soviética, preparando uma aliança com a Alemanha.

Em virtude do pacto Molotov-Ribbentrop (agosto de 1939), a URSS estendeu consideravelmente seu próprio território: foi o primeiro, se bem que efêmero, sucesso do 'diplomata' Molotov: dois anos depois os nazistas agrediam os soviéticos [ em 22 de junho de 1941].”
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fonte: Os Homens do Cremlin. SP: Ed. Três, 1974
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