quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Estratégia Britânica no Mediterrâneo - 1940/41







Estratégia Britânica
no Mediterrâneo

1940/41





fonte: Churchill – O Lord da Guerra / 1979 – Ronald Lewin

trad. Cel Álvaro Galvão



cap. 3 – O Ano do Gafanhoto – 1941


“Com exceção da vitória final, o objetivo estratégico mais acalentado por Churchill durante a Segunda Guerra Mundial era transformar o Mediterrâneo em “Mare Nostrum”. Duas decisões, tomadas por ele sobre sua inteira responsabilidade e com enorme risco, lançaram as bases para a consecução do seu propósito, alcançado em 1943 e 1944; durante 1941, porém, o alicerce parecia estar se dissolvendo. Sua primeira iniciativa, e fundamental, seguiu-se à queda da França. Churchill recorda: “No fim de junho a situação parecia tão horrível que o Almirantado chegou a pensar no abandono do Mediterrâneo Oriental, para concentrar-se em Gibraltar.”

Era esta a ideia do Primeiro Lorde do Mar, Almirante Pound. Entretanto, fortalecido pela reação mais positiva do Almirante Cunningham, o comandante-chefe naquela região, Churchill vetou a proposta com firmeza e decisão e conseguiu o apoio dos Chefes de Estado-Maior; estes, em 3 de julho, informaram a todos os comandantes-chefes que a esquadra ia permanecer no Mediterrâneo Oriental. Daí em diante, apesar de inúmeros desastres, em sentido absoluto, os ingleses jamais foram expulsos das rotas marítimas vitais que passavam por aquela região. Mas quando Churchill tomou sua decisão, no verão de 1940, sem dúvida praticou um ato de fé impressionante, porque os italianos ainda não haviam demonstrado a forma inepta e covarde como iriam utilizar a sua superioridade aérea e naval.

Nas circunstâncias do momento, a sua segunda decisão foi mais corajosa ainda. Enquanto se achava em curso a Batalha da Inglaterra, Churchill concordou em enviar para o Oriente Médio praticamente a metade do efetivo dos melhores blindados existentes no país. “O que é estranho”, anotou ele, “é que na época as pessoas envolvidas no problema permaneceram bastante calmas e joviais, mas escrever sobre o assunto agora chega a provocar arrepios.”

Na realidade, a proposta partiu do Ministério da Guerra. No dia 10 de agosto o General Dill, o CIGS [Chief of the Imperial General Staff] , informou a Churchill que se pretendia enviar imediatamente para o Egito um batalhão de carros de combate Cruiser, um regimento de carros de combate leves e um batalhão de carros de combate de Infantaria – ao todo 154 carros, juntamente com uma quantidade valiosa de canhões anticarro e de Artilharia de Campanha. Todavia, era Churchill, o Primeiro-Ministro, e somente Churchill, quem poderia validar a proposta; a aprovação imediata constituiu um daqueles golpes, no campo da alta estratégia, que raramente estão ao alcance de um comandante, e que ainda mais raramente são tentados. Deve-lhe ser atribuído o mesmo valor da ordem de Churchill, no dia 24 de julho de 1914, para que a esquadra saísse de suas bases no canal da Mancha e, navegando durante a noite, com as luzes apagadas, atravessasse o estreito de dover, avançasse pela rota perigosa do Mar do Norte e se abrigasse na segurança proprocionada por Scapa Flow.

Além disso, foi Churchill quem exigiu que os carros de combate fossem enviados diretamente para o Egito, através do Mediterrâneo, e não pela rota do cabo da Boa Esperança como queria o Almirantado. Ele aceitava o conselho dos profissionais, embora à luz dos fatos pareça que a sua ousadia fosse mais justificada do que a cautela deles. Assim, o comboio chegou ao destino com tempo suficiente para tornar possível a destruição do exército italiano na África do Norte, onde os Matildas do batalhão de carros de Infantaria desempenharam um papel crucial.”

/p. 73
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mais sobre o General John Dill (1881-1944)
http://en.wikipedia.org/wiki/John_Dill
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A blitz de inverno

London Coventry

“Enquanto isso [durante as operações no Mediterrâneo e norte da África], a blitz de inverno varria as cidades da Inglaterra; primeiro Londres, depois Coventry e os grandes centros industriais; enfim, após uma trua relativa em janeiro e fevereiro, a Luftwaffe iniciou “uma visita aos portos”. A partir do início de março, Portsmouth, Merseyside e Clyde foram pesadamente atacados. Todavia, depois de uma das piores incursões contra Londres (no dia 10 de maio, quando a Câmara dos Comuns foi atingida), os ataques aéreos diminuíram e não foram ostensivamente renovados até 1944.”

O motivo da 'pausa' no bombardeio: início da Operação Barbarossa: nazistas atacam a URSS (junho 1941)

A pacata cidade de Coventry se tornou o símbolo do fracasso da ofensiva aérea alemã. Desperdício de recursos, alvos sem importância militar ou industrial. Apenas para assustar a população civil – perda de vidas e propriedades – e não uma estratégia de destruição dos portos, aeroportos, ou rede de radares.


Enquanto a avião alemã se dedicava a 'atirar pedras' sobre o telhado britânico, nem poderia a 'chuva de granizo' que destelharia a Alemanha em 1943-45! “Quem tem telhado de vidro, não deve atirar pedras no telhado do vizinho”, diz o sábio provérbio.


sobre o bombardeio de Coventry
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Leonardo de Magalhaens
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