sábado, 6 de novembro de 2010

Roosevelt Reeleito em 1940







Roosevelt Reeleito em 1940

Diário de Berlim
W Shirer

BERLIM, 6 de novembro [1940]

Roosevelt foi reeleito para um terceiro período de governo! O fato constitui uma verdadeira bofetada para Hitler, Ribbentrop e todo o regime nazista. Isso porque, apesar de Willkie ter chegado quase a ultrapassar o Presidente nas suas promessas de trabalhar pela vitória da Grã-Bretanha, os nazistas desejavam ardentemente a vitória do candidato republicano. Na intimidade, os figurões nazistas não faziam nenhum segredo sobre isso, embora Goebbels obrigasse a imprensa a ignorar praticamente as eleições, de forma a não dar aos democratas a vantagem de poder afirmar que os nazistas apoiavam a eleição de Willkie.

[...]

Pelo fato de Roosevelt ser um dos poucos líderes em toda a acepção do vocábulo produzidos pelas democracias desde a última guerra (olhem para a França, vejam a Inglaterra até o advento de Churchill !) e porque ele também sabe ser enérgico, Hitler sempre alimentou um grande respeito pela sua pessoa e até mesmo um certo receio (enquanto admira Stalin pela sua dureza). Uma parte do sucesso de Hitler foi devida ao fato de existirem apenas homens medíocres, como Chamberlain e Daladier, à frente dos destinos das democracias. Fui informado de que desde que abriu mão, durante este outono, do seu plano de invasão da Inglaterra, Hitler passou a encarar Roosevelt cada vez mais como o maior inimigo que encontrou pelo caminho para a conquista do domínio mundial e, mesmo, para a sua vitória na Europa. E não resta a menor dúvida de que tanto ele como seus assassinos depositaram grandes esperanças na derrota do Presidente. [...]
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trad. Alfredo C Machado
RJ, Record
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DIÁRIO DE BERLIM – W SHIRER
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Discurso de Thomas Mann
Deutsche Hörer!” / BBC London

Novembro de 1940

“Ouvintes alemães!

A reeleição de Franklin D. Roosevelt para a presidência dos Estados Unidos é um acontecimento de primeira grandeza, talvez decisivo para o futuro do mundo, e assim também foi sentido pelos europeus que consideravam a eleição e seu resultado como uma questão puramente interna dos americanos. Com razão, os destruidores da Europa e os violadores de todos sos direitos dos povos veem em Roosevelt seu mais poderoso adversário. Ele é o representante da democracia combativa, o verdadeiro defensor de uma nova ideia de liberdade ligada ao social e um estadista que sempre distinguiu claramente paz de conciliação. [...]

[...] Em um discurso particularmente mentiroso e doentio que Hitler proferiu recentemente em sua adega em Munique, ele assegurou a vocês que as mais altas autoridades militares alemãs estão convencidas da vitória. Antes de tudo, é estranho que ele recorra a qualquer alta autoridade que não a dele. Não é ele uma espécie de César, Fredrico, Napoleão e mesmo Carlos Magno em uma só pessoa? Foi isso que os historiadores de rua do nacional-socialismo lhe deram para ler, a ele, o deplorável embusteiro da história. Como pôde abandonar seu papel e recorrer ao julgamento dos generais que seguem suas inspirações? Mas esses generais não são todos cadetes envelhecidos e técnicos imbecis do momento militar. [...]

[...] Por que um punhado de criminosos estúpidos se aproveita do processo de transformação econômica e social que o mundo atravessa para empreender uma campanha de conquista do mundo à maneira de Alexandre, anacrônica e sem sentido? Sim, só por essa razão. E o que deve ser e será o desfecho dessa guerra é algo claro. [...]”
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fonte: “Ouvinte alemães! ; discursos contra Hitler (1940-1945)”
trad. Antonio Carlos dos Santos e Renato Zwick
RJ: Jorge Zahar Ed., 2009
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(nota minha)
O escritor Thomas Mann, ao final deste discurso lido na BBC London, imagina um mundo mais unido – as Nações Unidas – enquanto anima o povo alemão a não ser passivo diante dos criminosos nazistas. Mann esperava que o povo alemão se livrasse do nazismo antes que os Aliados precisassem atacar diretamente a Alemanha.
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Por Leonardo de Magalhaens
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