quarta-feira, 14 de julho de 2010

Churchill's Speech - 14 July 1940







Em 14 de julho de 1940...

Discurso de Churchill em prol da unidade britânica

“Cinco dias antes, em 14 de julho, às nove horas da noite de domingo, Churchill fizera ao rádio um discurso para o povo da Inglaterra, quase um mês depois de seu discurso da “hora mais gloriosa”. Sob muitos aspectos, esse discurso foi mais revelador de Churchill do que o anterior, mais famoso. Ele pronunciou palavras tocantes a respeito dos franceses, no dia de seu feriado nacional. (“Proclamo minha crença de que alguns de nós viveremos para ver um 14 de julho em que uma França libertada mais uma vez se rejubilará em sua grandeza e sua glória.”) Havia um toque de magnanimidade em suas frases sobre o que acontecera em Oran. (“Quando se tem um amigo e camarada ... atingido por um golpe estonteante, é preciso assegurar que a arma que caiu da mão dele não seja acrescentada aos recursos do inimigo comum. É preciso, porém, não guardar rancor por causa dos gritos de delírio e gestos de agonia do amigo.”)(1) Ele exortou o povo inglês. (Se o invasor viesse, “o povo não se dobraria submisso a ele, como vimos, com tristeza, em outros países.” )

(1) no original, “ When you have a friend and comrade at whose side you have faced tremendous struggles, and your friend is smitten down by a stunning blow, it may be necessary to make sure that the weapon that has fallen from his hands shall not be added to the resources of your common enemy. But you need not bear malice because of your friend's cries of delirium and gestures of agony.”

Isso foi no mesmo dia, talvez na mesma hora, em que Hitler assinou a Diretriz n 16 para a invasão da Inglaterra. Eis aqui outro daqueles “trocadilhos espirituais”, uma coincidência indicativa que talvez haja constituído o ponto culminante do duelo: Hitler aprontando-se para partir da europa e invadir a Inglaterra; Churchill fazendo, na Inglaterra, seus primeiros planos para libertar a Europa.” (pp. 161-63)

(LUKACS, John. O Duelo Churchill X Hitler. Trad. Claudia Martinelli Gama. 2002)
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Em 16 de julho : Hitler decide aprovar a Operação Leão-Marino [Unternehmen Seelöwe]

“A sorte estava lançada. Estava mesmo? O fraseado da Diretriz nº 16 refletia bem a mente de Hitler. (Talvez se deva a isso a mudança do título de “Operação Leão” para “Operação Leão Marinho” - “Seelöwe” em alemão – fera não feroz.) A diretriz começava: “como a Inglaterra, apesar de sua deplorável situação militar, não mostra sinais de estar pronta para chegar a um acordo, decidi preparar uma operação de desembarque contra a Inglaterra e, se necessário, executá-la.” se necessário: ele ainda esperava não ter de fazê-lo. “O objetivo dessa operação é impedir que a ilha-mãe inglesa continue a fazer guerra contra a Alemanha e, se necessário ocupá-la completamente.” seguiam-se as diretrizes de toda a operação (a principal delas era “uma travessia de surpresa numa frente ampla de aproximadamente Ramsgate a oeste da ilha de Wright”). Os preparativos da operação têm de estar prontos em meados de agosto.” A Diretriz nº 16 não continha quase nenhuma retórica. O texto de quatro páginas estava repleto de detalhes técnicos militares. Sete cópias foram feitas e distribuídas entre os mais altos comandantes do exército, marinha e Luftwaffe”( p. 161)

Nota minha:

Em “Hitler” de J Fest encontramos um trecho revelador, “Não está de todo excluído que Hitler jamais tenha levado seriamente em consideração o desembarque em solo inglês e que se aproveitou disso apenas como uma arma na guerra de nervos.” (p. 757)

Em “Churchill – O Lorde da Guerra”(1973), de R. Lewin, encontramos algo sobre a mesma 'indecisão',

“De início, Churchill não poderia saber que Hitler, surpreendido pela velocidade com que atingiria o Canal da Mancha, não dispunha de plano para a invasão, ou nem mesmo tencionava realizá-la; pelo contrário, ideia original do Fuehrer era preservar a Grã-Bretanha e o império dentro de uma forma conveniente de neutralidade. A ordem preliminar do OKW, intitulada “A guerra contra a Inglaterra” só foi expedida por Keitel no dia 2 de julho. Principiava assim: “O Führer e Comandante supremo decidiu... que é possível desembarcar na Inglaterra, desde que possa ser alcançada a superioridade aérea e que sejam satisfeitas outras condições indispensáveis.” Além disto, decorreram quinze dias até a data em que Hitler endossou e ampliou esta ordem, através da Diretriz nº 16, ainda experimental e que principiava assim: “Decidi começar a preparar uma invasão da Inglaterra e executá-la, se necessário.” Não há dúvida que a diretriz primava pela indecisão.” (p. 63)
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por Leonardo de Magalhaens
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