domingo, 14 de março de 2010

13 março 1940 (Diário de Berlim - W. Shirer)



Diário de Berlim (1934-1941)
Berlin Diary (trecho)
volume 2
trad. Alfredo C Machado

(Fim da Guerra de Inverno)

BERLIM, 13 de março

Ontem à noite, em Moscou, foi assinada a paz entre a Rússia e a Finlândia. Trata-se de uma paz muito onerosa para a Finlândia, e hoje em Helsinki, segundo anuncia a BBC, o pavilhão nacional foi hasteado a meio mastro. Entretanto, Berlim está exultante. Por dois motivos: primeiro, a paz veio livrar a Rússia dos sacrifícios da guerra, de forma que, agora, pode fornecer algumas ds matérias-primas de que o Reich tanto necessita; e segundo, remove o perigo de a Alemanha vir a ter que sustentar uma luta numa frente situada no extremo norte, que seria forçada a alimentar por via marítima e que poderia levá-la a uma dispersão de suas forças militares, atualmente concentradas no Ocidente, prontas para o golpe decisivo, a ser desfechado a qualquer momento.
Acredito que, no fim de tudo, a Noruega e a Suécia pagarão pela recusa em permitir a passagem das tropas aliadas pelos respectivos territórios, para irem em auxílio da Finlândia. Aliás, para falar a verdade, nenhum desses dois países está colocado numa posição muito agradável. Ainda hoje, Braun von Stumm, do Ministério do Exterior, confirmou-me que Hitler informa tanto a Oslo como a Estocolmo que, se as tropas aliadas pusessem pé em território da Escandinávia, a Alemanha invdiria imediatamente a área do norte, a fim de rechaçá-las. O problema dos escandinavos reside no fato de que cem anos de paz acabaram por transformá-los em criaturas brandas, amantes da paz a qualquer preço. Assim, não tiveram coragem para encarar o futuro. E, quando chegar o momento de escolher o partido a tomar, então será demasiadamente tarde para isso, como sucedeu à Polônia. O Ministro do Exterior da Suécia, Sandler, é o único que parece enxergar a situação com toda clareza, mas, por isso mesmo, foi obrigado a demitir-se.

Agora, a Finlândia está à mercê da Rússia. Daqui por diante, sob o pretexto mais fútil, os soviéticos poderão invadir o país, uma vez que os finlandeses terão que lhes entregar todas as suas fortificações, da mesma forma como os tchecos foram obrigados a fazer, após o pacto de Munich. (Depois disso, a Tcheco-Eslováquia só durou cinco meses e meio.) Não chegamos a uma fase histórica em que as pequenas nações não mais se encontram em segurança e em que todas elas têm que viver sofrendo as imposições dos ditadores? Há muito que já se foram aqueles felizes dias do século XIX, quando qualquer país podia permanecer neutro e em paz, desde que assim o quisesse.

Com a paz na Finlândia, o assunto do dia em Berlim volta a ser a ofensiva alemã. X, que é alemã, vive a dizer-me que essa ofensiva será horrorosa: gases venenosos, micróbios, etc. Da mesma forma que todos os alemães, embora ela deva saber melhor, X acredita que a ofensiva será tão terrível que trará uma vitória extremamente rápida para a Alemanha. Nunca lhe passou pela cabeça que o inimigo também dispõe de gases venenosos e micróbios.

......

William Shirer
Diário de Berlim
Volume 2 (1940-1941)
trad. Alfredo C Machado

Um comentário:

  1. site idiota vao todos pra puta q pariu filha de uma egua chupa aki sua mae come banana aquela macaca chita

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