quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Itália na guerra - norte da África & Grécia








Itália na guerra

(norte da África)
(invasão da Grécia)

O ditador fascista Mussolini resolveu entrar na guerra, em 10 de junho de 1940, ao julgar que a vitória nazista sobre a França e a Grã-Bretanha seria certa e definitiva. Assim as colônias das potências imperialistas poderiam ser mais facilmente conquistadas.

Assim, tropas italianas partiram da colônia da Etiópia (conquistada em 1936) e avançaram rumo a Somália inglesa (situada entre a Somália italiana e o Golfo de Aden, no 'chifre da África') em agosto de 1940, onde o contigente inglês (de 1.500 homens) foi vencido pelas batalhas italianas (cerca de 200 mil soldados). Em 19 de agosto, os ingleses se retiram para Aden, do outro lado do Golfo.

Churchill, o primeiro-ministro britânico, percebeu o perigo do avanço italiano e enviou reforços para o Sudão e o Kênia, que assim se prepararam para contra-atacar qualquer ofensiva italiana. (Tanto que em janeiro/fevereiro de 1941, os ingleses voltariam a recuperar as posições.)

Vejamos um detalhe sobre o início das operações,

“Mussolini tinha grandes esperanças para um ataque contra os ingleses no Egito, pois uma vitória lá desmantelaria a rota marítima vital do Canal de Suez e deixaria os campos de petróleo do Oriente Médio abertos para a conquista. As chances pareciam a seu favor, pois os 250.000 homens no 10º Exército italiano, sob o comando do Marechal Rodolfo Graziani, enfrentaram meros 36.000 soldados ingleses defendendo o Egito. Quando o ataque italiano começou em 13 de setembro, os defensores ingleses, sob o comando geral de Wavell e o comando em batalha do General Richard O'Connor, recuaram para a cidade de Sidi Barrani, onde Graziani interrompeu seu avanço. O comandante italiano tinha motivos para ser precavido – o deserto aberto era reino de operações militares armadas e móveis. Os tanques italianos eram obsoletos em relação aos seus rivais ingleses e estavam em desvantagem numérica de mais de dois para um.”

(fonte: JORDAN, David & WIEST, Andrew. Atlas da II Guerra Mundial. Ed. Escala, 2008. p. 68)

Tendo as forças italiano cessado a ofensiva, passaram a ser sujeitas a um contra-ataque britânico – o que aconteceu no início de 1941, como veremos.
.
Quem é Rodolfo Graziani
(em italiano)
http://it.wikipedia.org/wiki/Rodolfo_Graziani
.
.
...
Itália fascista invade a Grécia

Em 20 de outubro de 1940, as autoridades gregas receberam um agressivo ultimato do governo fascista italiano, no qual o governo do Duce acusa os gregos de cooperação com os ingleses, o que não se encaixava na declaração de 'neutralidade' grega.

As autoridades gregas interpretam o ultimato como uma intervenção italiana e sabem que uma ação armada será iminente. De fato, em 28 de outubro, tropas italianas começam uma ofensiva a partir do território da Albânia (ocupada em 1939) rumo as montanhas do norte e do noroeste da Grécia.

Trecho interessante, onde mostra que Mussolini quis 'surpreender' Hitler – em clara falta de 'articulação estratégica' entre os cabeças do Eixo.

“No dia 22 de outubro, Mussolini enviou uma carta a Hitler, comunicando-lhe, sem especificar a data do ataque, sua decisão de invadir a Grécia. Dois dias mais tarde, Ribbentrop telefonou urgentemente a Ciano e marcou uma entrevista entre Hitler e o Duce na cidade de Florença. Hitler acabava de conferenciar com Franco e Pétain, com o propósito de obter o apoio espanhol e francês na luta contra a Grã-Bretanha. Não havia, no entanto, obtido nenhum resultado positivo para suas gestões.”

(Fonte: A Segunda Guerra Mundial. “Ofensiva Italiana nos Balcãs” in: “9 – Mussolini: invadam a Grécia” . Ed. Codex, 1965.)

O fracasso da ofensiva italiana

Em 28 de outubro de 1940, partindo de posições na Albânia o avanço italiano (cerca de 220 mil soldados) rompeu a fronteira grega rumo a cordilheira do Pindo – a partir de onde as tropas invasoras passaram a receber violentos contra-ataques dos defensores gregos (parte de um exército de 400 mil homens)

Até 03 de novembro, os defensores conseguem conter a invasão e, em Atenas, é decretada a MOBILIZAÇÃO TOTAL. Os ingleses se posicionam em Creta e outras ilhas do mar Jônico e do mar Egeu. Esquadrilhas da RAF decolam do Egito rumo às bases gregas, de onde podem organizar ataques às bases italianas no Meditêrraneo, além de linhas de comunicação na Albânia. Enquanto isso, o ditador Mussolini convoca os reforços requiridos pelo comandante Badoglio.

É justamente em novembro de 1940, que o ditador alemão Hitler resolve intervir no conflito dos Balcãs – visto a péssima atuação bélica italiana e a intervenção militar inglesa. Assim em abril de 1941 terá início a brutal Operação Marita (Unternehmen Marita) como veremos.
.
mais sobre a invasão italiana da Grécia 1940
http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=110
.
.
.
por Leonardo de Magalhaens
.
.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

ERRATA (ao texto 'O Japão Militarizado')


Errata

(ao texto "O Japão Militarizado")


Seguiu-se a época da Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-95) quando os japoneses lutaram contra os chineses no propósito de controle sobre os territórios da atual Coreia. Os japoneses assim se vingavam de agressões anteriores dos chineses (sic) que chegaram a invadir Tokyo em 1853 (o que fez com que os japoneses abrissem os portos para as potências ocidentais). Os nipônicos derrotaram os chineses e a Coreia se tornou autônoma – até a outra invasão japonesa na SGM, após a qual, com a derrota dos nipônicos, foi dividida em Norte e Sul.


Errata: em 1853 não foram os chineses que agrediram o Japão – mas a frota das índias orientais dos EUA, United States Navy's East Indies fleet, com quatro belonaves, comandada pelo Comodoro Mattew C . Perry, em julho (ano 6 da Era Kaei japonesa). Esta agressão ocidental – pois os norte-americanos contavam com a aprovação e o apoio de ingleses e holandeses – foi responsável pela 'abertura' do Japão ao comércio exterior, o que obrigou os japoneses a se 'modernizarem' (até para futuramente lutarem contra os dominadores ocidentais)


fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Kaei



mais sobre o Comodoro Matthew C. Perry

http://en.wikipedia.org/wiki/Matthew_Perry_(naval_officer)#The_Perry_Expedition:_Opening_of_Japan.2C_1852-1854

.

.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Japão X China & Pacto Tripartite (do Eixo)







Japão X China
Pacto Tripartite (
ou do Eixo)

As indisciplinadas tropas japonesas na China acabaram por prolongar o conflito sino-japonês que os Oficiais nipônicos pretendiam ser rápida a ponto de não despertar as resistências dos nacionalistas chineses. Pois então os japoneses precisariam lutar contra nacionalistas e contra comunistas, enquanto temiam um avanço russo-soviético a partir da Sibéria até a Mandchúria.

A rivalidade com os russos era contrabalanceada pela rivalidade com as potências anglo-saxãs, além de imperialistas franceses e holandeses. O Japão pretendia dominar a China e também a Indochina, além das ilhas que hoje constituem a Indonésia - na época: Índias orientais holandesas.

Os militaristas japoneses pretendiam uma nova ordem no sudeste da Ásia, com um nome pomposo de ESFERA DE COPROSPERIDADE e para isso precisariam neutralizar os russos ao norte e enfrentar os 'ocidentais' ao sul. Até porque os nipônicos não poderiam vencer uma 'guerra em duas frentes' – ainda mais quando os conflitos na China se arrastavam e derrubavam 'gabinetes'.
.

A crueldade das tropas japonesas na China

O Massacre de Nanking mostrou o quanto os japoneses se mostrariam hostis – e seriam hostilizados – na longa guerra que duraria quase nove anos. Não respeitando a população civil das aldeias e cidades – tal como os alemães fariam depois na Rússia (1941-1944) – os exércitos japoneses não conseguiriam criar os esperados 'governos fantoche' para exercer hegemonia sobre os chineses.
.
.
A Batalha de Xuzhou – março 1938

Após a vitória japonesa em Nanking, as forças republicanas chinesas retraíram para o sudoeste até a que seria a nova capital Chongqing.
.
.
A Batalha de Guangxi do Sul
(ou Battle of South Guangxi) - novembro 1939
.
.
A Batalha do Passo de Kunlun
(ou Battle of Kunlun Pass)
dezembro 1939 – janeiro 1940
.
.
.
PACTO TRIPARTITE

27 setembro 1940

Sabemos que as nações do Eixo foram aquelas que se atrasaram na 'corrida imperialista', sendo que o Japão começou a se 'modernizar' tecnologicamente na Era Meiji, no final do século 19, enquanto Alemanha e Itália se unificavam enquanto 'Estados-Nação' em torno de 1870-71.

Quando os imperialistas japoneses, alemães e italianos se perceberam atrasados, perceberam que certamente enfrentariam – mais cedo ou mais tarde – os imperialistas britânicos, franceses, holandeses, e norte-americanos.

A importância do PACTO TRIPARTITE ou DO EIXO foi assinalada por alguns historiadores, como demonstram os textos abaixo.

No Diário de Berlim
de William Shirer

BERLIM, 27 de setembro [1940]

“Hitler e Mussolini forneceram outra surpresa. Às 13 horas de hoje na Chancelaria, o Japão, a Alemanha e a Itália assinaram uma aliança militar dirigida contra os Estados Unidos. Fui apanhado pelo acontecimento certo de que Ciano viera a Berlim a fim de conseguir a entrada da Espanha na guerra. Entretanto, Serrano Suñer nem sequer esteve presente à teatral encenação preparada hoje pelos fascistas da Europa e da Ásia. [...]

A alma desse novo pacto é ao artigo III, que reza o seguinte: “A Alemanha, a Itália e o Japão comprometem-se a prestar auxílio mútuo, com todo o seu poderio político, econômico e militar, quando uma das três partes contratantes for atacada por qualquer potência que, neste momento, não esteja envolvida na guerra europeia ou no conflito sino-japonês.”

Existem apenas duas grandes potências que ainda não se encontram envolvidas em nenhuma das duas guerras: a Rússia e os Estados Unidos. Mas o artigo III não se refere à Rússia, e sim o artigo V, que diz: “A Alemanha, a Itália e o Japão afirmam que os termos acima mencionados não afetam de forma alguma, o status quo político atualmente existente entre cada uma das três partes contratantes e a Rússia Soviética.”

Portanto, a União Soviética está fora do jogo. Restam os Estados Unidos. [...]

“Devo acrescentar o seguinte: o artigo I do Pacto Tripartite declara que o Japão reconhece a supremacia da Alemanha e da Itália na criação de uma nova ordem na Europa. O artigo II diz isto: “A Alemanha e a Itália reconhecem a supremacia do Japão para a criação de uma nova ordem no vasto território oriental da Ásia.”
.
trad. Alfredo C. Machado / Record, RJ.
.
.
No estudo sobre as atuações do General Tojo nas preliminares da SGM, Alvin D. Coox, destaca o quanto o Ministro da Guerra Tojo se afastava do pacifismo do Primeiro-Ministro Príncipe Konoye – que se demitirá pouco antes do ataque aos EUA, em fins de 1941.

“Os quinze meses de [Hideki] Tojo como Ministro da Guerra foram repletos de tensão. Se o Pacto Tríplice tinha por objetivo estabilizar a situação internacional, claro que se frustrou, pois as relações nipo-americanas se deterioraram perigosamente.” (p. 71)

e tendo percebido antes que

“[O Pacto Tripartido] tornou-se um dos maiores obstáculos para as boas relações entre Estados Unidos e Japão, porque, como até mesmo o Vice-Ministro do Exterior, Ohashi, admitiu a diplomatas americanos, o acordo visava diretamente aos EUA. [...] (p. 63)

trad. Edmond Jorge

COOX, Alvin D. 'Tojo”. Renes, RJ, 1976.
.
.
notícia sobre o Pacto do Eixo
Japão se alia ao Eixo Roma – Berlim
http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=4919
.
.
.
por Leonardo de Magalhaens
.
.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Japão militarizado







O Japão militarizado

Após a industrialização japonesa no fim do século 19 – Era Meiji – para se opor ao imperialismo ocidental (e também a expansão chinesa) os líderes japoneses centralizaram as forças armadas – afastaram o poderio dos Samurais e dos senhores feudais – e criaram um Exército Imperial Japonês, o que levou a um movimento de militarização.

Os militares – antes chamados Xoguns – passaram a exercer um grande poder – não apenas estratégico – quando o assunto era 'economia de guerra' – de modo que o Imperador não era exatamente um poder absoluto. Os militares assumiram o poder em várias áreas da cultura japonesa com o propósito de criar uma 'potência' primeiramente defensiva, e depois ofensiva. O Japão temia e invejava o Ocidente.

Primeiramente com treinamento francês – depois alemão (após a vitória dos germânicos em 1871 ) - o novo exército japonês ainda contava com vários Samurais, que agora eram ali os oficiais – assim como o Exército Vermelho em 1920 aceitaria muitos oficiais do Exército Czarista (derrotado em 1918-20) durante a guerra civil russa entre Comunistas e Reacionários (os 'Brancos') – é o novo obrigado a conviver com o antigo.

Seguiu-se a época da Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-95) quando os japoneses lutaram contra os chineses no propósito de controle sobre os territórios da atual Coreia. Os japoneses assim se vingavam de agressões anteriores dos chineses que chegaram a invadir Tokyo em 1853 (o que fez com que os japoneses abrissem os portos para as potências ocidentais). Os nipônicos derrotaram os chineses e a Coreia se tornou autônoma – até a outra invasão japonesa na SGM, após a qual, com a derrota dos nipônicos, foi dividida em Norte e Sul.

Depois foi a vez de enfrentar os russos na guerra Russo-Japonesa de 1904-05, quando os russos se viram derrotados num conflito que se estendeu além do programado. Tal desgraça das forças russas – que sofreram 70 mil baixas - causou revoltas na Rússia e ocasiou a primeira etapa da Revolução Russa em 1905, quando vários Soviets (comitês de operários) foram organizados, enquanto algumas forças ainda procuravam convencer o Czar, mas foram massacradas – ver o Domingo Sangrento (9 ou 22 de janeiro de 1905, de acordo com o calendário). O Japão mostrou força – e voltou a incomodar os russos em 1938-39, na Manchúria, onde foram os japoneses foram derrotados pelas forças soviéticas comandadas pelo talentoso general Zhukov (Jukov), na Batalha de Kalkin-Gol .
.

Segunda Guerra Sino-Japonesa - 1937-1945

Como vimos em ensaio anterior, o interesse japonês em ocupar territórios e recursos minerais do extenso país – a China – com tropas apoiando regimes 'fantoches', uma vez que seria praticamente impossível dominar toda a extensão – e ao mesmo tempo que 'colonizá-la'.

Mas já vimos como o exército japonês de ocupação se mostrou extremamente cruel e homicida, totalmente indisciplinado a ponto de incomodar os próprios planos dos militares japoneses.
.
Ao contrário dos oficiais, que eram extremamente disciplinados e severos, os recrutas japoneses eram em maioria de classe baixa urbana ou humildes camponeses, que se individualmente eram apagados, modestos, sem personalidade - como vemos na cultura oriental onde o indivíduo não é o importante, mas a tradição e/ou o coletivo – mas em grupo (num batalha, numa invasão, por exemplo) os soldados japoneses eram desregrados em violência. O anonimato da turba – ou horda – fazia com que nem os oficiais tivessem controle sobre as ações facínoras das tropas.

Assim aconteceu o terrível e sanguinário MASSACRE DE NANKING – durante a batalha em dezembro/1937 a janeiro/1938, após a primeira grande batalha – Batalha de Xangai – de agosto a novembro de 1937.
.
Na mesma Xangai onde os comunistas foram traídos e massacrados pelas forças nacionalistas do poderoso Chiang Kai-Chek em abril de 1927, após o que os comunistas se tornaram inimigos irreconciliáveis e se retiram para as áreas rurais, onde reorganizaram a resistência – na Longa Marcha de Mao Zedong (que somente chegaria ao poder em 1949, após derrotar japoneses e nacionalistas chineses)

A portuária Xangai é o cenário do clássico do escritor francês André Maulraux, “A Condição Humana”, de 1933 (o ano no qual Hitler subiu ao poder na Alemanha) onde mostra os antagonismos entre nacionalistas e comunistas chineses – às vésperas das agressões japonesas (que por algum momento seriam o 'inimigo comum')




continua...




Leonardo de Magalhaens




.


.