quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Japão militarizado







O Japão militarizado

Após a industrialização japonesa no fim do século 19 – Era Meiji – para se opor ao imperialismo ocidental (e também a expansão chinesa) os líderes japoneses centralizaram as forças armadas – afastaram o poderio dos Samurais e dos senhores feudais – e criaram um Exército Imperial Japonês, o que levou a um movimento de militarização.

Os militares – antes chamados Xoguns – passaram a exercer um grande poder – não apenas estratégico – quando o assunto era 'economia de guerra' – de modo que o Imperador não era exatamente um poder absoluto. Os militares assumiram o poder em várias áreas da cultura japonesa com o propósito de criar uma 'potência' primeiramente defensiva, e depois ofensiva. O Japão temia e invejava o Ocidente.

Primeiramente com treinamento francês – depois alemão (após a vitória dos germânicos em 1871 ) - o novo exército japonês ainda contava com vários Samurais, que agora eram ali os oficiais – assim como o Exército Vermelho em 1920 aceitaria muitos oficiais do Exército Czarista (derrotado em 1918-20) durante a guerra civil russa entre Comunistas e Reacionários (os 'Brancos') – é o novo obrigado a conviver com o antigo.

Seguiu-se a época da Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-95) quando os japoneses lutaram contra os chineses no propósito de controle sobre os territórios da atual Coreia. Os japoneses assim se vingavam de agressões anteriores dos chineses que chegaram a invadir Tokyo em 1853 (o que fez com que os japoneses abrissem os portos para as potências ocidentais). Os nipônicos derrotaram os chineses e a Coreia se tornou autônoma – até a outra invasão japonesa na SGM, após a qual, com a derrota dos nipônicos, foi dividida em Norte e Sul.

Depois foi a vez de enfrentar os russos na guerra Russo-Japonesa de 1904-05, quando os russos se viram derrotados num conflito que se estendeu além do programado. Tal desgraça das forças russas – que sofreram 70 mil baixas - causou revoltas na Rússia e ocasiou a primeira etapa da Revolução Russa em 1905, quando vários Soviets (comitês de operários) foram organizados, enquanto algumas forças ainda procuravam convencer o Czar, mas foram massacradas – ver o Domingo Sangrento (9 ou 22 de janeiro de 1905, de acordo com o calendário). O Japão mostrou força – e voltou a incomodar os russos em 1938-39, na Manchúria, onde foram os japoneses foram derrotados pelas forças soviéticas comandadas pelo talentoso general Zhukov (Jukov), na Batalha de Kalkin-Gol .
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Segunda Guerra Sino-Japonesa - 1937-1945

Como vimos em ensaio anterior, o interesse japonês em ocupar territórios e recursos minerais do extenso país – a China – com tropas apoiando regimes 'fantoches', uma vez que seria praticamente impossível dominar toda a extensão – e ao mesmo tempo que 'colonizá-la'.

Mas já vimos como o exército japonês de ocupação se mostrou extremamente cruel e homicida, totalmente indisciplinado a ponto de incomodar os próprios planos dos militares japoneses.
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Ao contrário dos oficiais, que eram extremamente disciplinados e severos, os recrutas japoneses eram em maioria de classe baixa urbana ou humildes camponeses, que se individualmente eram apagados, modestos, sem personalidade - como vemos na cultura oriental onde o indivíduo não é o importante, mas a tradição e/ou o coletivo – mas em grupo (num batalha, numa invasão, por exemplo) os soldados japoneses eram desregrados em violência. O anonimato da turba – ou horda – fazia com que nem os oficiais tivessem controle sobre as ações facínoras das tropas.

Assim aconteceu o terrível e sanguinário MASSACRE DE NANKING – durante a batalha em dezembro/1937 a janeiro/1938, após a primeira grande batalha – Batalha de Xangai – de agosto a novembro de 1937.
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Na mesma Xangai onde os comunistas foram traídos e massacrados pelas forças nacionalistas do poderoso Chiang Kai-Chek em abril de 1927, após o que os comunistas se tornaram inimigos irreconciliáveis e se retiram para as áreas rurais, onde reorganizaram a resistência – na Longa Marcha de Mao Zedong (que somente chegaria ao poder em 1949, após derrotar japoneses e nacionalistas chineses)

A portuária Xangai é o cenário do clássico do escritor francês André Maulraux, “A Condição Humana”, de 1933 (o ano no qual Hitler subiu ao poder na Alemanha) onde mostra os antagonismos entre nacionalistas e comunistas chineses – às vésperas das agressões japonesas (que por algum momento seriam o 'inimigo comum')




continua...




Leonardo de Magalhaens




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