sábado, 14 de agosto de 2010

A RAF defende a Grã-Bretanha







Agosto 1940

Battle of Britain
Batalha da Grã-Bretanha

A RAF defende a Grã-Bretanha
Em 13 de agosto desencadeou-se o “Ataque das Águias” que foi contido por forte sistema defensivo britânico, com o uso de radares de baixo e longo alcance, em bases instaladas ao longo do litoral sul e sudeste das Ilhas Britânicas.

Os pouco mais de 700 aviões da RAF puderam causar incômodo aos mais de 2 mil aparelhos alemães – numa luta desigual, mas que porovu a superioridade de manobras dos caças ingleses contra a complexidade paquidérmica dos bombardeiros da Luftwaffe.

Em 15 de agosto, três frotas aéreas alemães decolaram em ataque conjunto contra as forças inglesas, com alvos marcados – torres, pontes, bases, hangares – enquanto se 'defendiam' das defesas inglesas, quando os pilotos da RAF conseguiam separar nos ares as formações de caças e bombardeiros alemães. (Os bombardeiros - sem cobertura de caças – são mais vulneráveis...)
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trechos do
Diário de Berlim
William Shirer
trad. Alfredo C. Machado

CALAIS, 15 de agosto (meio-dia)

MAIS TARDE -Enquanto almoçamos, aqui em Calais, ouvimos o roncar dos motores dos aviões que constituem a primeira vaga de assalto da Luftwaffe dirigindo-se para a ionglaterra. Voam a uma altura tão grande que dificilmente se consegue avistá-los – pelo menos a 4.000 metros. Consigo contar ao todo 23 aparelhos de bombardeio, sobre os quais voa um verdadeiro enxame de caças Messerschmidt; a atmosfera está inteiramente clara. Vai ser ótimo dia para os pilotos. [...]

Por volta das 18 horas divisamos 60 aviões de bombardeio – Heikel e Junkers-82 – protegidos por uma formação de uns cem Messerschmitts, voando a grande altura, rumo a Dover. Dentro de minutos podemos ouvir distintamente o troar da artilharia inglesa em torno da cidade, fazendo fogo contra os alemães. A julgar pelo troar do canhoneio,os ingleses devem possuir grande número de flaks de grosso calibre. Ouvimos também outro rumor, este mais profundo, que um dos oficiais supôs ser o da explosão de bombas aéreas. Dentro de uma hora, aquilo que nos dá impressão de ser a mesma formação de bombardeios vem regressando à sua base. Podemos contar apenas 18 aparelhos, dos 60 que passaram pouco antes. Teriam os ingleses abatido os demais? É difícil dizê-lo, pois sabemos que, em geral, os pilotos alemães têm ordem de regressar a bases diferentes daquelas de onde partiram. Parece que o motivo principal que levou o Comando a adotar essa prática é o de impedir que os próprios pilotos venham a conhecer as perdas sofridas.
(...)

BRUXELAS, 16 de agosto

MAIS TARDE -(duas da madrugada) – Só agora é que vou para a cama e os canhões antiaéreos alemães continuam a troar, visando os bombardeios da RAF. O canhoneio começou pouco depois da meia-noite. Não consigo sentir nem ouvir a explosão de bombas aéreas. Desconfio de que os ingleses estão procurando bombardear o aeroporto.

William Shirer
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Em 20 de agosto, Churchill faz outro discurso que ficou célebre, ao elogiar a atuação da RAF nos teatros de operações, sobre os campos de batalha, na cobertura da retirada nas praias de Dunkirk, ou seja, a exaltação dos 'poucos' que salvaram uma Nação inteira.

Pois se a RAF fosse facilmente derrotada, não haveria impedimentos para a real invasão das tropas alemãs aos litorais da Grã-Bretanha em fins de agosto até meado de setembro.
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Churchill Speech The Few (os poucos)
“Nunca no âmbito do conflito humano tanto foi devido por muitos a tão poucos. Todos os corações vão para os pilotos combatentes, cujas brilhantes ações nós vemos (...)

Never in the field of human conflict was so much owed by so many to so few. All hearts go out to the fighter pilots, whose brilliant actions we see (...)
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Então, de 24 para 25 de agosto algo novo aconteceu. Os alemães sempre disseram ter sido um 'erro', um acidente, o bombardeio de áreas civis em Londres. Além do bombardeio de áreas portuárias na metrópole inglesa, outras áreas de habitação civil foram atingidas. O alegado 'acidente' foi proclamado, pois o Comando alemão não havia decido por atacar alvos civis. Mas os ingleses nunca acreditaram nisso.

Assim, em 25 para 26, aconteceu a represália inglesa. Os aviões da RAF bombardearam a capital alemã, Berlim. Que finalmente sentiu a guerra – a mesma guerra que levava as forças armadas nazistas aos outros países europeus! Com tais ataques se desviando para as capitais, e o povo, os alvos militares ficaram para segundo plano...! Portos, depósito, antenas, hangares, foram deixados de lado, o que deu tempo para a RAF providenciar uma reação após pronta reconstrução, rearmamento de grupos de combate.

Uma 'escalada' de ataques e retaliação que vitimam as populações civis – é o horror de Londres, Coverty, Berlim, Hamburg, Cologne (Köln), Dresde, Hiroxima, Nagasaki, ... Sempre sem escrúpulos e visando abalar o 'moral' do inimigo...

27 de agosto é a data marcada para a invasão da Grã-Bretanha, Operation Sealion, Operação Leão-Marinho, mas o Führer esperava desmoralizar o governo inglês, e assim começar as negociações, o que adiaria a 'invasão' – afinal, a invasão era somente ameaça?

Um fato inesperado, entretanto, salvou as [bases] inglesas da derrota iminente. Na noite de 24 de agosto 170 bombardeiros alemães cruzaram o canal, afim de completar a destruição causada pelos ataques diurnos. Um grupo de aviões se desviou de seu rumo por causa de um erro de navegação e lançou suas bombas em pleno coração de Londres. Os ingleses consideraram que o ataque havia sido intencional e resolveram devolver o golpe. Na noite seguinte, 81 bombardeiros da RAF se internaram na Alemanha e, de surpresa, bombardearam Berlim. O ataque inglês provocou em Hitler uma reação colérica. A 2 de setembro, depois que a RAF tinha realizado novas incursões sobre Berlim, o ditador ordenou a Goering que desfechasse sobre Londres uma ofensiva de represália. Dois dias mais tarde, pronunciou um violento discurso e anunciou que varreria as cidades inglesas da superfície da Terra.
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(fonte: Segunda Guerra Mundial, Ed. Codex, 1965.)

A atacar Londres, os líderes alemães acabaram 'salvando' as bases da RAF – o que possibilitou uma pausa para reconstrução e contra-ataque.

“O dia 10 de julho, quando se iniciaram os ataques contra a navegação no Canal da Mancha é aceito convencionalmente como início da Batalha da Inglaterra; seu auge ocorreu em 15 de agosto, quando a Luftwaffe realizou o esforço máximo da campanha – 1.786 surtidas – tentando aniquilar o Comando de Caças. O dia 15 de setembro assinada, de forma decisiva, o fim da Batalha da Inglaterra. Convém lembrar que Churchill, naquela data, passou o dia inteiro no quartel-general do Grupo de Caças; o alívio que sentiu está gravado em sua lembrança:


“Já eram 16h30 min quando regressei a Chequers: fui imediatamente para a cama, tirar a soneca da tarde. Eu devia estar muito fatigado pelo drama vivido no II Grupo, pois só acordei às 20 horas. Quando toquei a campainha, John Martin, meu principal secretário particular, entrou, trazendo o boletim vespertino com notícias do mundo inteiro. Aqui algo não correra bem; lá houvera algum retardamento; fulano respondera de forma insatisfatória; registraram-se inúmeros afundamentos no Atlântico. “Entretanto”, disse Martin, para finalizar a exposição, “tudo isto foi compensado pela atividade aérea. Derrubamos 183 aviões e perdemos menos de 40”.


Na realidade não haviam sido destruídos 183 aviões alemães (conforme foi divulgado imediatamente) mas apenas 60, com a perda de 26 aviões ingleses e 13 pilotos do Comando de Caças. Mas era o suficiente; o alívio instintivo de Churchill era plenamente justificável pois, no dia 17 de setembro, Hitler adiou a operação Leão Marinho por prazo indeterminado – e as fontes de Informações revelaram este fato a Churchill e aos Chefes de Estado-Maior. Na prática, tratava-se do cancelamento da operação pois o próximo período favorável de lua e maré só ocorreria na segunda semana de outubro. No dia 12 de outubro Hitler cancelou a invasão.
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(fonte: LEWIN, Ronald. Churchill – o Lorde da Guerra. Trad. Cel Álvaro Galvão. RJ, Biblioteca do Exército, 1979)
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por Leonardo de Magalhaens
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