quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Drôle de Guerre - a paz-guerra






Drôle de Guerra

trechos do Diário de Jean-Paul Sartre

trad. Aulyde Soares Rodrigues / 1983


terça-feira, 5 dezembro /1939

“... eu anoto as passagens principais de um artigo
de X. publicado na Revue des Deux Mondes de
15 de agosto de 1939: “A Paz-Guerra”.

... “O conceito clássico da guerra conduz, portanto, a
uma forma de conflito que não corresponde às
possibilidades e às necessidades da Europa, atualmente.
A Europa, na verdade, não se refez ainda dos inconvenientes
de todo tipo provocados pela Grande Guerra. Precisa de
paz para se refazer e reorganizar sua economia em
função dos meios modernos de produção... Por outro lado,
a opinião pública, na maior parte das nações europeias,
recusa-se instintivamente a aceitar a ideia da guerra...
Essa convicção é um fato capital peculiar da nossa época.”

...

“Assim, essa repugnância pela guerra total, por uma
transformação surpreendente, autoriza o emprego da
violência que ultrapassa nitidamente as regras da tradição
diplomática... Já não é a paz e ainda não é a guerra que
conhecíamos, mas um estado intermediário que chamaremos
de paz-guerra.

“A paz-guerra repousa na ideia de aproveitar o temor da
guerra-catástrofe para exercer pressões mais enérgicas
do que antigamente, evitando criar uma tensão suficiente
para levar o inimigo à guerra total.

“O primeiro elemento de toda combinação consistirá,
portanto, em avaliar o ponto crítico além do qual o
adversário preferirá a guerra total à capitulação.

“Procedimento característico: guerra política, isto é,
intervenção na política interna do país adversário. Atacam-se
assim diretamente os centros nervosos dos quais depende
a capitulação. (Ludendorff, guerra total: a coesão anímica
da nação é fator essencial da vitória.)” (...)

...

Lendo agora o diário de Sartre, é possível perceber o quanto
o artigo citado está correto.

Pois os Nazistas adotaram justamente estas diretrizes de
'ataque interno' com as 'quintas colunas' alojadas dentro
dos Estados-Nações que eram alvo de ações militares.
Vide o traidor Vidkun Quisling na Noruega, vide a ação
dos franceses reacionários, fascistas, que pregavam o fim da
democracia, ou então os grupos de fascistas de Oswald Mosley
na Grã-Bretanha, que eram favoráveis às negociações com o
Führer Hitler e o temível III Reich.



Leonardo de Magalhaens

http://leonardomagalhaens.zip.net/


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