sábado, 16 de janeiro de 2010

A Itália imperialista / Guerra na Etiópia





A Itália estava preparada para a Guerra?

Já analisamos o fenômenos dos Fascismos (vejam o
blog http://leonardomagalhaens.zip.net/ ) enquanto
sistema político e econômico, e suas causas e
consequências sociais e culturais, mas ainda não
abordamos a situação militar da Itália, sob o regime
do ditador, o Duce Benito Mussolini.

A Itália, também atrasada na 'corrida imperialista',
buscava vantagens comerciais e coloniais no norte
da África, atuando na (atual) Líbia, além da Eritreia e
da Somália italiana, e depois na Etiópia (Abissínia).
Os italianos possuíam fortalezas ao longo do Mar
Mediterrâneo, em suas colônias na Tripolitânia e na
Cirenaica, entre as colônias francesas (à oeste) e
inglesas (à sudeste e leste), que usavam como 'rota
estratégica' para avanços ao extremo leste do continente
(nas bordas do Mar Vermelho).

Assim, a Guerra da Etiópia (outubro 1935 a maio 1936)
foi apenas mais um passo imperialista da Monarquia
italiana aliada ao interesses burgueses de dominação
econômica e territorial. Nada diferente do que faziam a
Grã-Bretanha e a França, exceto o detalhe: o 'imperialismo'
já tinha péssima imagem (assim os retardatários Itália e
Alemanha – além de Japão – precisaram fazer guerra
para conseguir algum espaço meio aos Impérios britânico
e francês.)

Sabemos que o Fascismo italiano foi um populismo aliado
à Monarquia e ao Exército, no sentido de abafar os
movimentos populares de Esquerda – social-democratas,
socialistas e comunistas, além de anarquistas – e manter
a aliança burguesia-monarquia, não que através de uma
'diarchia' Rei – Duce. O Rei Vittorio Emanuele III cedia o
governo ao ditador Mussolini, para sufocar as manifestações
'subversivas' que clamavam por justiça social. E o Exército –
representado pela velha guarda, p.ex. Emilio De Bono –
garantia a face de 'Ordem' e de 'legalidade' ao novo regime
fascista. (O mesmo representa o apoio do General Ludendorff
ao golpista Adolf Hitler, em 1923
)(1)

Assim o imperialismo exibia sua face claramente militarista
em campanhas no norte da África (e depois seria a tragédia
na Albânia e na Grécia...), além de apoiar as forças direitistas
(falange, monarquistas e católicos) contra os esquerdistas
(republicanos, socialistas, comunistas, anarquistas) na
Guerra Civil Espanhola (1936-39)

Guerra d'Etiopia (3 ottobre 1935 – 9 maggio 1936)


Tropas italianas invadiram a Etiópia (Abissínia) a partir
de posições ao norte (Eritreia) e à leste (Somália italiana)
e avançaram rapidamente, de início, até se defrontarem
com a resistência das tropas do Negus (rei) Hailè Sellassiè,
o que visivelmente atrasou a campanha dos italianos.
(Segundo as fontes disponíveis, as tropas invasoras somavam
330 mil, enquanto os defensores eram cerca de 500 mil)

Com armamentos já obsoletos na Europa, sejam canhões
ou carros armados, as tropas italianas não alcançaram de
imediato a capital Addis Abeba. Em novembro de 1935, o
General Emilio De Bono é promovido a Maresciallo d'Italia e
devia ceder o comando ao General Pietro Badoglio. De Bono
recebe ainda a “Ordine militare di Savoia”. Após a vitória
italiana em Addis Abeba em maio de 1936 é proclamado
o Império.

As perdas italianas totalizaram cerca de 4 mil mortos (sendo
quase mil civis) e os etíopes perderam 275 mil (mortos) e quase
500 mil feridos (a maioria civil). Um massacre – um verdadeiro
massacre! - que aos fascistas soou como a mais bela glória
imperial ! (O que lembra muito os massacres promovidos
pelos britânicos na conquista do Sudan – segundo atestam
os próprios relatos do imperialista Winston Churchill, escritos
em 1898
) (Mas poderiam os italianos enfrentarem exércitos
europeus? Eis a dúvida.)

Para garantir uma posição de força, os fascistas mantinham
o 'fervor militarista' em alta junto ao povo – que adora ficar do
lado de quem está 'vencendo' – e prontamente decidiu intervir
no conflito que então se iniciava na Espanha. Em julho de
1936, o General Franco sublevou os militares rebeldes contra
a Segunda República Espanhola.

Nota:

(1)Ainda que a maioria dos fascistas fosse 'monarquista', muitos
haviam saído de movimentos populares – o próprio Mussolini
teria sido 'socialista' – e não hesitariam em apoiar uma República,
caso houvesse a oportunidade. Mas com o 'arranjo' político feito
com o Rei – após a
Marcha sobre Roma, em outubro 1922 – os
fascistas, como bons oportunistas que são, se tornaram um dos
suportes da Monarquia. Entre os 'monarquistas' pode-se destacar
De Vecchio, De Bono, Ciano, Balbo, etc. Entre os 'republicanos' –
que depois fundaram a efêmera República de Salò, com apoio
nazista – encontraram-se Scorza, Farinacci, Arpinati, Starace,
Pavolini (o Goebbels italiano), dentre outros.

Leonardo de Magalhaens




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