domingo, 8 de fevereiro de 2009

O apaziguamento e a vergonha de Munique




O apaziguamento e a vergonha de Munique

Enquanto a Alemanha nazista se apresentava como a defesa centro europeia contra a ameaça do ‘comunismo’, as potências ocidentais, Grã-Bretanha e França nada fizeram de efetivo contra o rearmamento alemão, intensificado após 1935, contrariando a Liga das Nações, apesar de todos os alertas de uma voz solitária, o conservador-mor, o ex-Lord da Marinha, o Sr. Winston Churchill.

A Liga (ou Sociedade) das Nações em detalhes em http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_das_Na%C3%A7%C3%B5es e http://www.diario-universal.com/2007/04/morreu/a-sociedade-das-nacoes/


Pode-se dizer que os triunfos políticos iniciais de Herr Adolf Hitler, com a recuperação econômica e intervencionismo estatal centralizado, tenham enfim conquistado a confiança do povo alemão, até dos opositores políticos (se é que sobrara algum!), numa espécie de ‘união nacional’ para reerguer a Alemanha. Realmente o maior erro dos vencedores, no fim da I Grande Guerra, foi o de humilhar a Alemanha com o Tratado de Versalhes, que de ‘tratado’ nada tinha, era um ‘ditado’, contra a dignidade alemã.

Aproveitando-se desse nacionalismo ferido, os nazistas capitaneados por Hitler, megalomaníaco e obcecado, resolveram levar adiante a unificação
de todos os povos alemães, a Grande Alemanha. Precisavam anexar a Áustria, absorver as populações nos Sudetos, e na Polônia (o ‘corredor polonês’) até recuperar o Império Alemão do Kaiser Wilhelm (Guilherme) II.

Mais sobre o Tratado de Versalhes em http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Versalhes e
http://www.brasilescola.com/historiag/tratado-versalhes.htm, além de
http://www.diario-universal.com/2007/01/aconteceu/o-tratado-de-versalhes/


O primeiro golpe chocante foi a anexação da Áustria, usando a grande
‘quinta coluna’ de nazistas e nacionalistas ali atuantes, desde a tentativa de 1935, e com a ‘neutralidade’ do ditador fascista italiano Benito Mussolini (e Hitler sempre se mostrava grato!). A chamada ‘Anschluss’ (Anexação) da Áustria marca o expansionismo alemão em sua primeira fase, aquela sem
uso das forças armadas. Uma ‘paz negociada’ que sempre convinha aos interesses da nova Alemanha, o III Reich.

O que foi o Anschluss em http://pt.wikipedia.org/wiki/Anschluss e também
http://www.diario-universal.com/2007/02/aconteceu/a-anschluss/


As potências européias tremeram, mas pouco fizeram. A França cheia de problemas internos, e a Grã-bretanha ainda insistindo em ver em Herr Hitler
um conservador, um baluarte contra o ‘comunismo’ exportado pela ameaçadora União Soviética.

Enquanto Chamberlain [primeiro ministro britânico] e os conservadores europeus consideravam Hitler como a peça principal do bastião anti-
comunista e como alguém que se pudesse ao mesmo tempo conquistar
e dominar com boas palavras e conciliação a esquerda se embalava na
ilusão de que Schuschingg
[o chanceler austríaco] afinal não era mais
que o representante de um regime clerical fascista, que outrora mandou
atirar em proletários e estava maduro para a queda final
.” (J. Fest, in “Hitler”, 1976)

A Áustria anexada ao III Reich foi um triunfo que incentivou Hitler a avançar suas conquistas. Voltou-se para os alemães que viviam nos montes Sudetos nas bordas da Tchecoslováquia, país que existia desde o fim da Grande Guerra, com a união de Boêmia, Moravia, Eslováquia e Rutênia, e que logo seria destroçada pela intervenção nazista.

Mais sobre a Tchecoslováquia e dados nacionais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Checoslov%C3%A1quia e
http://bloguecentelha.blogspot.com/2008/02/os-sudetas-e-invaso-da-checoslovquia.html


Ao redor da Boêmia se ajuntavam tropas alemãs para pressionarem o governo parlamentarista do Sr. Benes, já em dificuldades com os autonomistas eslovacos em protesto contra o centralismo tcheco. E pior: os franceses e os britânicos estavam mais inclinados a apoiarem os nazistas, que ainda contavam com a ‘mediação’ italiana. Em setembro de 1938, entre os dias 25 e 30, na capital bávara, Munique (München), os poderosos se reuniram para decidir o destino da cercada Techecoslováquia, que recebeu em Praga um comunicado ‘democrata’ de que mostrasse ‘boa vontade’ para com a ‘colônia alemã dos Sudetos’!

Na Conferência de Munique, por iniciativa de Chamberlain, a política do ‘apaziguamento’ alcançou seu ápice, o desmascaramento total dos conluios imperialistas, com a desculpa de atender as ‘últimas exigências’ do ditador nazista, que dizia “É a última exigência territorial que devo impor a Europa”. Pois as defesas tchecas foram entregues a partir de 1º outubro de 1938, e logo as exigências aumentaram.

A república parlamentar tchecoslovaca foi varrida do mapa, desmembrada, e finalmente ocupada por tropas alemãs em março de 1939. Hitler, finalmente, jogava o seu jogo de guerra. Onde a tão proclamada ‘peace for our time’ (Paz para o nosso tempo) prometida por um extasiante Chamberlain? Paz virou a guerra mais sangrenta!

Sobre o vergonhoso episódio da Conferência de Munique há o interessante livro do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre, “Sursis” (em suspenso), parte da trilogia “Caminhos da Liberdade”. Vejam mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Caminhos_da_Liberdade e também
http://fr.wikipedia.org/wiki/Les_chemins_de_la_libert%C3%A9



Mais sobre os apaziguadores e a vergonha do Pacto de Munique em http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_de_Munique e http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=152&Itemid=29

por Leonardo de Magalhaens

Um comentário:

  1. Muito interessante este Artigo, perfeito para compreensão de temas relevantes ao CACD.

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