segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Estatismo Estalinista sufoca Socialismo Soviético




ESTATISMOS DE ESQUERDA

As contradições da URSS

Estado proletário e industrialização dinâmica: eis o que a Esquerda admite ser a URSS. Ou ter sido. Uma transição do capitalismo para o socialismo, e daí para o comunismo. Um Estado onde não há classes, onde todos trabalham para o coletivo.

É inegavel que o capítalismo sofreu um duro golpe na Rússia (e outras nações caucasianas), mas aquela sociedade não chegou ao Socialismo, assim não poderia chegar ao Comunismo (o sistema social e política idealizado por Karl Marx). Ficou presa numa transição entre 1918 a 1929, oscilando entre um estatismo, uma 'economia de guerra', um afrouxamento mais liberal (a NEP), até a implantação dos Planos Quinquenais (a planificação econômica) e a coletivização. De forma centralizada e autoritária, o Coletivismo (dito) Soviético reprimiu quem não concordava (eram rotulados de sabotadores) e enviava levas de prisioneiros para os campos de trabalhos forçados (os Gulags). Certamente nada havia do ideal libertário proclamado por Marx (e outros antes dele).

Mais detalhes vejam http://pt.wikipedia.org/wiki/NEP e http://pt.wikipedia.org/wiki/Gulag
E também http://en.wikipedia.org/wiki/Five_Year_Plan_(USSR) (em english)


O historiador inglês Eric Hobsbawm tece uma análise profunda do que seria a URSS em seu clássico "Era dos Extremos", no cap. 13 da Parte 2, onde destacamos, "Na verdade, para um país atrasado e primitivo, isolado de ajuda estrangeira, a industrialização sob ordem, com todos os seus desperdícios e ineficiências, funcionou de modo impressionante. Transformou a URSS numa grande economia industrial em poucos anos, e capaz, como não fora a Rússia czarista, de sobreviver e ganhar a guerra contra a Alemanha apesar da temporária perda de áreas contendo um terço da população e, em muitas indústrias, metade do parque industrial. Deve-se acrescentar que em poucos outros regimes poderia ou quereria o povo suportar os sacrifícios sem paralelos desse esforço de guerra (ver Milward, 1979, pp. 92-97), nem, na verdade, os da década de 1930. (...)"

Recomendável também a leitura de "War, economy and society, 1939-45", Alan Milward, London, 1979, e "The reconstruction of Western Europe, 1945-51", London, 1984, do mesmo autor. Além de "An Economic History of the USSR", Alex Nove, London, 1969.

Amostras na net :: http://www.jstor.org/pss/3115375, além de
http://www.jstor.org/pss/153639 e http://en.wikipedia.org/wiki/Alec_Nove


Interessante artigo disponível na net ::: http://www.cenariointernacional.com.br/default3.asp?s=artigos2.asp&id=42


Ernest Mandel não considera a URSS como "Capitalismo de Estado" nem "Socialismo Burocrático", mas "Regime em transição" e "Estado proletário burocraticamente deformado", em concordancia com a visão de Trotsky, que defendia uma revolução permanente das massas populares contra a burocracia que se apossou da revolução de 1917.

"Ninguém, e não faço exceção de Hitler, aplicou ao socialismo um golpe tão mortal. Hitler ataca as organizações operárias no exterior. Stalin as ataca no interior. Hitler destrói o marxismo; Stalin o prostitui. Não há principio que permaneça intacto; não há uma ideia que não tenha sido enlameada. Até mesmo os termos socialismo e comunismo foram gravemente comprometidos, agora que a gendarmaria incontrolável, com diplomas de 'comunista', chama de socialismo ao regime que impõe. Repugnante profanação!" (TROTSKY, Leon. Stalin e a burocracia. Trotski: politica. SP: Ática, 1981)

Assim semelhante ao taylorismo e ao fordismo no Ocidente e a "Beleza do Trabalho" nazista e ao "Dopolavoro" fascista, havia um particularismo na exploração do trabalho na URSS, o 'culto è produtividade', o chamado 'stakhanovismo', em 'homenagem' ao mineiro Alexei Stakhanov, um 'herói' da extração de carvão, durante do 2o Plano Quinquenal Estalinista. De forma que o burocratismo (dito 'soviético') sufocou a espontaneidade do proletariado na mesma proporção que o fascismo. Desde Lênin, os comitês ('sovietes') de operários e camponeses foram perdendo a autonomia enquanto crescia o poder Estatal, centralizado e burocrático, com o poder do Partido único, o (dito) Comunista.

Mais sobre o Stakhanovismo em http://pt.wikipedia.org/wiki/Stakhanovismo e
http://www.dieese.org.br/bol/int/intago97.xml#




Estalinismo: golpe dentro da Revolução

Ao estabilizar seu poder, desde a morte de Lênin, em 1924, o secretário-geral do Partido Comunista Joseph Stálin não hesitou em eliminar a velha guarda bolchevique, durante os expurgos de 1934 a 38, incluindo os oficiais do Exército Vermelho (muitos antigos czaristas), de forma a conservar os postos-chave do burocratismo para os seus fiéis, fanáticos do 'centralismo', defendores do 'socialismo em um só país'.
Isaac Deutscher se esforça para diferenciar os 'totalitarismos', a questão do "Capitalismo de Estado" (termo que Trotsky desprezava, pois argumentava que a URSS era um "Regime em Transição de Capitalismo para Socialismo"), ressaltando o fato da burocracia não ser a 'proprietária dos bens de produção', além das maquinações imperialistas, presentes nos regimes fascistas.

"Pode-se demonstrar que há analogias muito importantes entre os dois regimes, mas elas não permanecem decisivas. Podemos resumir as diferenças da seguinte maneira: o totalitarismo do Terceiro Reich se propõe a impor a discipina mais draconiana sobree as massas trabalhadoras e sobre a própria burguesia alemã, em vista da preparação da luta final do imperialismo alemão pelo domínio do mundo; em contraste, o totalitarismo soviético é produto da combinação das dificuldade advindas com a construção do socialismo num país agrícola atrasado e a luta da nova camada burocrática pelas posições privilegiadas na sociedade pós-revolucionária. O fato de a 'solidariedade entre os dois totalitarismos' ter se deformado apenas numa trégua de vida curta, num prólogo de conflito armado, não é certamente um acidente nem um capricho da História..."

Antes, porém, I Deutscher tenta justificar o pacto germânico-soviético: "não há um período de 'solidariedade' entre os 'dois totalitarismos', mas uma preparação para a luta de morte que se travará entre eles."

Sobre o Pacto Germânico-Soviético, e o prólogo da Segunda Guerra Mundial , vejam http://pt.wikipedia.org/wiki/Pacto_Molotov-Ribbentrop e também http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=530&Itemid=35

Nenhum comentário:

Postar um comentário