sábado, 24 de janeiro de 2009

Fascismo significa Guerra




Os Fascismos enquanto militarismo

E o fascismo na França era basicamente de reacionarismo militarista. "Aqueles cujos pais tinham odiado Dreyfus, os judeus e a cadela-República - algumas figuras de Vichy tinham idade suficiente para tê-lo feito pessoalmente - transformaram-se sem sentir em fanáticos defensores de uma Europa hitlerista. Em suma, a 'natureza' da aliança da direita entre as guerras ia dos conservadores tradicionais, passando pelos reacionários da velha escola, até os extremos da patologia fascista." (Hobsbawm)

Principais direitaistas da França: os monarquistas da Action Française (de Charles Maurras), os combatentes dos fronts de outrora no Croix de Feu (do Coronel La Rocque), grupos que depois da arrogância nazista passaram para a Resistência, que se tornou assim um 'centrão' congregando direita e esquerda.

L'association des Croix-de-Feu ou Association des combattants de l'avant et des blessés de guerre cités pour action d'éclat (1927-1936) était une ligue d'anciens combattants nationalistes français, dirigée par le colonel François de La Rocque. Considérée par ses opposants et des historiens anglo-saxons, à tort selon la majorité des historiens français actuels, comme une expression d'un fascisme hexagonal, elle est dissoute en 1936, donnant naissance au Parti social français (1936-1940), plus grand parti de masse de la droite française.

Fonte: http://fr.wikipedia.org/wiki/Croix-de-feu

A presença dos oficiais nos movimentos fascistas. Muitos dos soldados humilhados nos fronts, derrotados e mesmo feridos, se deixaram fascinar por uma volta ao ideal de glória militarista, assim os freikorps na Alemanha, de onde saíram muitos que ingressaram nas tropas das S A (Sturmabteilung, Tropas de Assalto, ou Divisão de Ataque) more info in: http://en.wikipedia.org/wiki/Sturmabteilung), ou os squadristi (os camisas negras )na Itália, onde mais da metade (57%) dos fascistas eram ex-soldados da Primeira Guerra Mundial (veja em http://en.wikipedia.org/wiki/Blackshirts e também em http://it.wikipedia.org/wiki/Milizia_Volontaria_per_la_Sicurezza_Nazionale ), lembrando também a presença de fascistas na Grã-Bretanha (os seguidores de Oswald Mosley), veja o link http://en.wikipedia.org/wiki/British_Union_of_Fascists ) e os jovens oficiais brasileiros autoritários que seguiam ou os 'tenentistas' (ou depois da Coluna Prestes (*), as Esquerdas aliadas) ou os 'integralistas' (seguidores de Plínio Salgado, veja em http://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%ADnio_Salgado e http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_Integralista_Brasileira )

(*)Sobre a Coluna Prestes, veja mais informações em http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=296
e sobre o tenentismo em http://www.grupoescolar.com/materia/tenentismo.html


Muitos acreditavam ainda no mito da 'eficiência fascista', ao dizerem, "Mussolini faz os trens rodarem no horário", como se somente um governo centralizador e autoritário pudesse fazer os mecanismos (e serviços) sociais funcionarem. Contudo, a corrupção na Itália não foi extinta, e o quadro militar não era aberto às novidades. A Itália fazia a guerra nos mesmos moldes da França e da Polônia - um modelo tradicionalista, baseado em grandes tropas e predominância de infantaria.

Os britânicos diziam "Hitler significa a guerra!", principalmente um Churchill nos bastidores, quando notavam o ideal nazista de uma "economia de guerra", com um povo organizado igual um exército. Ainda que discursando sobre a paz, Hitler sabia que somente quem tinha armas podia jogar no cassino político da Europa. Queria afastar a França da Grã-Bretanha, mas também assegurar o apoio da Itália. Mas antes de 1935, Hitler estava ainda isolado 'diplomaticamente'. Realmente o reaparelhamento do Exército alemão (agora Wehrmacht) foi que desequilibrou a balança a favor dos nazistas.

Mais detalhes sobre o (des)armamento alemão vejam o link http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=144&Itemid=29



A guerra enquanto aglutinador social

É sabido que a guerra em ampla escala nunca é 'aglutinadora', mas ao contrário, terrivelmente devastadora, inclusive para quem as inicia, e está no comando. Os fascismos, com todo o rancor anti-liberalismo, subiram ao poder com a desagregação do poder tradicional devido à extensão descomunal do conflito, a imensa mortandade, a perda de moral, e queda dos Impérios, com a fragmentação do Austro-Húngaro (fim dos Habsburgos), com a revolução bolchevique no Russo (fim dos Romanov), a ruína do Germânico (a fuga do Kaiser e as revoltas socialistas).

A guerra semeiou o ódio entre os povos, afetando até mesmos as campanhas socialistas, onde os proletários se viram lutando contra proletários, camponenes contra camponeses, destruindo todo o possível conceito de solidariedade cristã ou socialista. Trazendo desagregação, o conflito veio a derrubar as próprias elites, incapazes de controlarem as forças devastadoras que iniciaram. Novas elites, portadoras de novos conceitos (ou reciclando conceitos antigos) se prontificaram a ocupar os espaços de poder. Mas, alguns grupos contavam com maior apoio do que outros. Os militares preferiam os conservadores, e temeiam os reformadores. Assim analisa Hobsbawm, "O fascismo chegou ao poder pela conivência com, e na verdade (como na Itália) por iniciativa do velho regime, ou seja, de uma forma 'constitucional' "

Quando subiam ao poder, os fascistas logo dominavam tudo. A figura do Líder (Duce ou Führer) torna-se personificação do Estado. Não houve uma 'revolução fascista' (que não passa de 'retórica fascista'!) nem o fascismo foi uma "expressão do capitalista monopolista". Na verdade, os capitalistas se beneficiaram da submissão do proletariado ao regime ditatorial, com a destruição dos movimentos trabalhistas.

A idéia de “superioridade bélica” é logo pregada nos países sob Estado fascista, no sentido de exaltação do Povo, da força do Povo, da Raça, do Destino da Nação, no sentido de arregimentar os proletários e sufocar os sindicatos. Toda produção, todos os esforços devem se voltar para a guerra e para as conquistas, assim não deve haver espaços para “lutas de classes”, pois na guerra não existem patrões e empregados, ms oficiais e soldados, uma “pátria de uniforme” disposta a viver e morrer pela Nação.

Assim, ao contrário do verdadeiro socialismo, que é internacionalista, os fascismos são nacionalistas e acabam jogando as classes trabalhadoras de um país contra as outras de outro. Os trabalhadores tornam-se joguetes nas mãos dos comandos. A produção é dirigida e o sindicalismo é controlado (ou desmembrado). A iniciativa é toda do Estado, que dita, de cima para baixo, até as mínimas orientações quanto a tipo e quantidade de produção, e interfere até na vida pessoal, com vigilância e pregação moral-política, a chamada “doutrinação”.

Para o conflito é necessária a figura do “Inimigo”. A importância do inimigo interno e/ou do inimigo externo é sempre acentuada para unir o povo contra a ‘subversão’ e contra os elementos ‘exógenos’. O aparato do Estado é ampliado na promessa de trazer ‘segurança’ ao povo, que então assim se submete. Trocam a possível liberdade política por uma palpável segurança, que logo se torna onipresente e onisciente, invadindo cotidiano e intimidades.

A guerra, seja contra o mal interno ou a ameaça externa, ou ambas, tem ação sobre as inseguranças e temores da massa popular que é facilmente levada a crer que o Estado luta para manter uma ordem que os ‘subversivo’ ou os ‘estrangeiros’ se esforçam por destruir.

No mais, a guerra é prometida como único meio para a conquista, o crescimento e a prosperidade. Tudo é luta e só não lutam os fracos. Assim, o proletariado é envolvido numa luta nacional – numa luta entre nações – enquanto verdadeiro ideal para o proletariado seria o internacionalismo (“Proletários de todos os países, uni-vos”, proclamou Marx) A guerra em escala mundial somente favorece os imperialismo e a indústria de armamentos.







por Leonardo de Magalhaens




http://leonardomagalhaens.zip.net/

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