quinta-feira, 22 de abril de 2010

Hitler queria a Guerra - mas os Generais alemães não?




Hitler queria a Guerra - mas os Generais alemães não?



fonte: FEST, J. “Hitler” (1973; BRA, 1976)
(trad. Francisco Manuel da Rocha Filho;
Ana Lúcia Teixeira Ribeiro; António Nogueira Machado)
Livro VII(Vencedor e Vencido)
Capí­tulo 1 (O Estrategista)
(p.744)
"A 'crise dos oficiais' do outono de 1939 teve implicações que se
estenderam no tempo. De acordo com sua natureza, que não
admitia senão sentimentos inteiriços, totais, Hitler, daí­ em diante,
nunca teve muita confiança na lealdade de seus generais, nem
na validade de seus conselhos técnicos; e a impaciência com
que se pôs imediatamente à frente de suas tropas, assumindo
pessoalmente o papel de general-chefe, tinha origem nesses
acontecimentos. Por outro lado, a fraqueza e subserviência
de espí­rito demonstradas novamente pelos oficiais generais,
muito particularmente no que respeitava ao
Alto Comando do Exército (OKH), vieram ao encontro de sua
intenção de suplantar seus generais, reduzindo o funcionamento
do comando militar a funções puramente mecânicas. Desde os
preparativos da campanha-relâmpago contra a Dinamarca e
a Noruega,com a qual contava garantir o controle do minério
sueco, bem como instalar uma base de operações para sua
luta contra a Inglaterra, Hitler eliminou totalmente o OKH.
Depois disso, adiou a execução do projeto a um Estado-Maior
‘particular’ do Alto Comando da Wehrmacht (OKW), realizando,
assim, no domínio da hierarquia militar, o sistema de instâncias
rivais entre si, um dos postulados do exercí­cio de sua autoridade.
Suas hipóteses se concretizaram brilhantemente quando o
empreendimento altamente perigoso do iní­cio de abril de 1940
‘operação que contrariavatodos os princí­pios fundamentais da
orientação de uma guerra marí­tima tradicional e que os
Estados-Maiores aliados tinham considerado impraticável’
terminou com uma vitória total. Desde então, nunca mais
encontrou oposição aberta por parte de seus oficiais generais;
para se ter uma ideia do grau de apatia deles, basta lembrar que,
depois da crise do outono, Halder tinha-se dirigido ao Secretário
de Estado von Weizsäcker, perguntando- lhe se não seria possí­vel
fazer pressão sobre Hitler arranjando 'uma profetisa (pitonisa);
se comprometia a arranjar um milhão de marcos para isso';
por outro lado, Brauchitsch tinha dado a um dos seus visitantes
a impressão de que estava 'completamente liquidado, esgotado’” (7)
[fonte de J. Fest:]
(7)H Groscurth, “Tagebücher eines Abwehroffiziers 1938-1940” , p. 233.

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